Mapas da Situação do Amazonas Frente a Covid-19 em 25 de maio de 2020

Na quinta feira passada, Guajará entrou na lista de municípios com óbitos confirmados. Portanto, já foram confirmadas mortes em 48 dos 62 municípios do estado do Amazonas e somente dois não tem casos confirmados (Ipixuna e Envira) (mapa 1).

Mapa 1 - Municípios e rios com casos e óbitos confirmados.

Em relação a taxa de casos confirmados (mapa 2), Itapiranga disparou e assumiu essa triste liderança, com mais de 31 casos para cada 1000 habitantes. Uma possível resposta para essa disparada é a presença de empresas privadas realizando a instalação de unidades para exploração do gás natural na região, com grande número de trabalhadores de diversas partes do Brasil. Isso precisa ser apurado e essas empresas precisam assumir suas responsabilidades em relação a crise de saúde pública.

Santo Antônio do Içá, na região do Alto Solimões, possui uma situação também muito grave, com mais de 28 casos para cada mil habitantes e é seguido por Tefé (22/1000) e Manacapuru (20/1000).

Mapa 2 - proporção de casos confirmados por município.

Em relação ao número de mortes acumuladas em decorrência da COVID-19 (mapa 3), Tefé lidera com 0,84 óbitos por 1000 habitantes, seguido por Manacapuru (0,81/1000) e Tabatinga (0,73/1000).


Mapa 3 - Proporção de óbitos por município.

É importante alertar que, no caso do interior do Amazonas, não se pode falar em sobrecarga em Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) porque elas simplesmente inexistem na maioria das cidades do estado. Esse problema eleva muito a mortalidade em municípios distantes da capital. Pacientes em estado grave precisam viajar horas em ambulância e UTIs aéreas para chegar a capital.

Tenho recebido informações sobre o estado de saúde um amigo indígena do povo Utapinopona de São Gabriel da Cachoeira acometido pela COVID-19. Ele não pode ser removido para Manaus porque seu estado de saúde é muito grave e não permite esse deslocamento. Para chegar a capital amazonense ele teria que ser removido do hospital onde se encontra internado até o aeroporto da cidade e depois ainda enfrentaria um voo de mais de quatro horas.

É por isso que temos insistido na necessidade do isolamento social efetivo das comunidades indígenas e populações rurais, tendo em vista que o governo federal e estadual não efetivaram as necessárias políticas de isolamento social interurbanas e intraurbanas.

Dr. Tiago Maiká Müller Schwade
Geógrafo