MÉDICOS CUBANOS

As mesmas mentiras que a burguesia usou e usa para denegrir o Governo de Fidel Castro de Cuba, usa e usou para denegrir o Governo Lula e assim enganar o povo humilde e poder eleger um inimigo do povo necessitado de justiça.

Cuba enviou milhares de médicos e enfermeiros aos países mais necessitados do globo. Uma ação, nesta dimensão inédita na história da humanidade.

O que estávamos acostumados a ler na história de todos os Estados do mundo, era exatamente o contrário. Governantes enviando soldados, invasores violentos e armas de morte para criar ou “acalmar” conflitos. O slogan enganador dos governantes tradicionais da violência, rezava: “Si vis pacem para bellum”. “Se queres a paz prepare a guerra”. A solidariedade para com os sofredores, para com os mais pobres e fracos, como instrumento de Paz, de Amor e o desejo do Bem para todos, principalmente para a gente sofrida, jamais foi objetivo das elites poderosas. Era apenas coisa de missionários.

Fui educado em casa numa perspectiva de solidariedade para com a humanidade sofredora. Sonho que consegui realizar em boa parte e me sinto feliz e realizado por isso. Iniciei a minha caminhada em Diamantino, no Noroeste Matogrossense, com os indígenas. Depois ajudei dezenas de jovens a se decidirem por este caminho. Caminhamos pelo país inteiro, localizando as populações mais injustiçadas, principalmente indígenas, as mais afetadas pelos sucessivos governos que aqui se instalaram desde 1500. Nunca me havia passado pela cabeça que tal coisa pudesse ser dever e missão do Estado. 

Mas sempre achei que algo nas escolas, na formação das pessoas, inclusive nas escolas sob a orientação das igrejas, estava errada. Tive desde os meus tempos de estudante jesuíta, discussões, com superiores e colegas, sobre isso. Os nossos colégios e universidades estavam montados sobre um enfoque de formação errado. Estávamos preparando gente para continuar o sistema injusto e não para transformá-lo. Quando cheguei a Missão Anchieta dos jesuítas em Mato Grosso, fui integrado ali no mesmo sistema. A escola de Utiariti era a primeira etapa que levava o índio a perder a terra e “integrá-lo”, como párea, na periferia da cidade. Em seguida ajudei a criar o primeiro ginásio do município de Diamantino, onde fui professor titular. Era a segunda etapa dos indígenas em sua integração ou caminhada rumo a Cuiabá, onde se marginalizavam.

Foi por isso que acabamos com aqueles educandários e fomos morar e sentir a realidade nas aldeias. Com a transformação de nossa mentalidade e a nova vivencia com os povos, o resultado ou objetivo daqueles colégios não deixa dúvidas. Enquanto os alunos não indígenas que estudaram conosco no Ginásio de Diamantino seguiram o caminho normal das elites, um exemplo, o Gilmar Mendes que se tornou Ministro do Supremo Tribunal Federal onde aprendeu a defender os interesses dos poderosos, os indígenas que acompanhamos para as suas aldeias, se tornaram lutadores pela cultura, pela terra e pela autodeterminação do seu povo. E com um olhar ampliado para os seus irmãos indígenas de todo o país. Assim, por exemplo, os colegas do Gilmar, no Ginásio de Diamantino: Daniel Matenho Kabixi e o Albano Muxi Rikbaktsa. O primeiro se tornou uma liderança forte na luta indígena local e nacional e o segundo, mesmo tendo perdido sua perna esquerda por picada de cobra, em longínqua aldeia no Rio Juruena, está até hoje junto de seu povo firme, forte e alegre na luta em defesa dos interesses de seu povo. 

Onde está a verdadeira realização humana?
Creio que a atitude dos governantes de Cuba e de toda esta multidão de médicos cubanos, que foi e vai para as populações mais carentes da África, do Haiti, da América Latina e em especial do Brasil, abdicando ate de parte do seu salário, merece, no mínimo, a nossa reflexão respeitosa.

Para finalizar a revelação de um desejo que trago comigo: Quando a minha geração for julgada no Juízo Final, gostaria de estar ali na primeira fila para poder assistir de perto o diálogo do Criador com Fidel Castro. Imagino que deverá ocorrer mais ou menos assim:
“Meu querido Fidel, vem tomar posse e curtir o jardim que te preparei há muito tempo, por que tive fome e me alimentaste, estive  doente e me curaste...” 
E ouço o Fidel responder: “Sou um ateu, nem te conheço. Quando foi que te vi doente, com fome...”?
E o Criador do Universo lhe responderá: “Quando você garantiu o leite diário gratuito a todas as famílias cubanas, foi a mim que o fizeste, quando você enviou enfermeiros(as) e médicos(as) para os pobres saqueados e humilhados pelos poderosos lá da África, do Haiti, da Venezuela, da Bolívia e do Brasil, foi a mim que o fizeste”.

Se a moda cubana pegar entre os governantes das nações, já pensou o que será dos que pregam preconceitos, exaltam os torturadores e pregam o ódio? O que será dos arsenais de armamentos, de bombas atômicas? Das fábricas de armas...?

25 de novembro de 2018, 
Egydio Schwade


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