A Palavra e o Trabalho: A propósito do dia do Trabalhador


Ontem ainda debatíamos, na aula de Epistemologia das Ciências Sociais, sobre parte do livro “As Palavras e as Coisas” de Foucault; sobre o como as palavras, como produto da cultura, fazem com que a realidade nos dê sentido; sobre como a linguagem tem o poder de construir, de transformar realidades.
Hoje, quando recebi uma mensagem falando que era o dia do trabalhador, pensei: e se não existisse a palavra trabalho? E na verdade, para muitas sociedades ela não existe! 
Se não existisse, existiriam atividades úteis e não úteis ao homem; existiria o nome de cada atividade exercida; existiria o plantar e o cultivar; existiria o construir e o consertar; existiria o fabricar armas e o desmatar... 
Tudo ainda poderia ser dito, mas ninguém que faz atividades destrutivas poderia se esconder por traz do “trabalho”. Os que constroem armas teriam que se envergonhar; os que defendem os interesses das corporações criminosas teriam que se envergonhar... 
O plantar e o limpar não teriam o peso do castigo de serem ‘trabalho’; seriam o cuidar da vida; o cuidar do bem viver... 
Por isso, maldito o trabalhador; e bendito o semeador que inventa a comida; bendita a dona de casa, mãe carinhosa; bendito o que esquece, deixa de trabalhar par fazer os outros felizes; para fazer o que é necessário!!! 
Eu quero viver a liberdade do não trabalhar para fazer o que faz bem fazer!!!!!! 


Maurício Adu Schwade, Amazonas, 01 de maio de 2012

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