Postagens

Mostrando postagens de janeiro, 2012

A Ordem é Despejo e Progresso

“ Em primeiro lugar, queremos contar a todos os juízes e sociedades que estamos coletivamente em estado de medo, desespero e dor profundo, já sobrevivemos em situação mísera e perversa há várias décadas...Hoje no dia 26/01/2012, nós compreendemos claramente que nós não temos mais chances de sobreviver culturalmente e nem fisicamente neste país Brasil, visto que em qualquer momento seremos despejados de nossa área antiga reocupada por nós, portanto estamos com muita tristeza e perplexa, ao receber esta notícia da oficial da Justiça e da Polícia Federal e FUNAI. Já estávamos com a alegria praticando o nosso ritual sagrado dia-a-dia aqui em minúscula terra antiga reocupada Ñanderu Laranjeira em que retornamos nos últimos dois anos”. (Carta da Comunidade Laranjeira Nhanderu aos Juízes do Brasil) O portão fechado aos índios e seus aliados, abre-se como por encanto aos homens da lei e da ordem. O oficial de justiça, escoltado pela polícia federal e Funai, é portador de mais um decreto de m

RORAIMA INDIGENA – 1976 (Parte 4)*

Hordas Bárbaras Neste contexto em que o boi e o minério concentram os objetivos e os valores humanos, é claro que os índios devem aparecer na história de Roraima como “hordas bárbaras”, “hordas bravias que infesta as solidões do Pacaraima” e são os culpados de manterem “inacessíveis ao homem civilizado e em volta nos mistérios em os quais até hoje estão mergulhados” (RRR. 17). Os índios Waimiri-Atroari que nos aceitam este tipo de relacionamento do branco, ficam estigmantizados constantemente como “ferozes”: provocados e fustigados com estradas e invasões de sua terra, terminam “maltrapilhos, famintos, enfermos, desajustados, desgraçados e irrecuperáveis” por se renderem com escravos para o resto de seus dias. (RRR 43). Para a sujeição das tribos ao domínio e obediência do branco, todos os métodos são lícitos: a manipulação das tribos irmãs já submissas, as querelas internas entre clãs, as guerras rituais que se sucedem, por exemplo, entre os Ianomami; a violência aberta com armas sup