Da Selva Profunda, o Grito no Asfalto
[Publicado Originalmente no Blog do Egon Hech]
“Saímos de casa há um mês e dois dias”, revelam algumas das lideranças dos seis povos indígenas do Acre há uma semana em Brasília. Reuniram com dezenas de órgãos públicos, elaboraram e protocolaram ou entregaram inúmeros documentos às autoridades, expuseram a dramática situação por que passam a maioria das comunidades indígenas no Estado do Acre, fizeram emergir do fundo da floresta ao coração do poder, o grito “Estamos morrendo. Que o mundo saiba. Façam alguma ação urgente. Não aguentamos mais. A saúde indígena nunca esteve tão pior..”
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Das mais distantes aldeias dos povos indígenas do Acre a voz insurgente da gente primeira, denunciando o sistema de morte, dor, ameaças, abandono a que estão submetidas. Parece até um filme. A maioria das pessoas que por horas ouviram atentamente os caciques, ficam embasbacadas “Nunca pensei que isso pudesse ser assim no Acre. As informações que tínhamos eram de uma beleza e tranquilidade paradisíaca.” Essa perplexidade de muitos membros dos órgãos públicos e entidades, surgem como riscos no cartão postal propalado pelo Brasil e mundo afora por muito anos.
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Vistosos cocares, corpos pintados, flechas e bordunas, armas da indignação, revolta e paz, os caciques deram visibilidade ao grito de vida e morte ecoado das aldeias mais distantes desse grande Brasil, em acres tempos.
Cimi 40 anos, 5 de maio de 2012
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