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Mostrando postagens de maio, 2012

Os Índios do Século XXI

[Publicado Originalmente no Jornal Diário do Amazonas de 27 de maio de 2012]   Por José Ribamar Bessa Freire   "Índio quer tecnologia" - berra O Globo, em chamada de primeira página (25/05). Lá está a foto de um guerreiro Kamayurá, que usa um iPhone para fotografar o terreno da Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, onde será construída a aldeia Kari-Oca que vai sediar eventos paralelos da Conferência Rio + 20. Ele viajou de barco e de ônibus, durante três dias, com mais vinte índios do Alto Xingu, de quatro nações diferentes. Chegaram na última quinta-feira, para construir a aldeia Kari-Oca. Na aldeia que eles vão construir formada por cinco ocas - uma delas será uma oca eletrônica hight tech - mais de 400 índios que vivem no Brasil, discutirão com índios dos Estados Unidos, Bolívia, Peru, Canadá, Nicarágua e representantes de outros países temas como código florestal, demarcação de terras, reservas minerais, crédito de carbono, clima, usinas

Tragédia Recorrente

Mais uma vez nos surpreendemos com o brutal assassinato de uma adolescente em Presidente Figueiredo. Mas uma vez nos indignamos... Mas, e quando é que vamos parar para refletir? Não digo pensar no imediato, no calor da dor. Digo refletir profundamente sobre as causas; digo ir além da mera resposta fácil do bode expiatório, do criminoso da vez. Quando? Que são monstro, não discuto, concordo!!! Mas olhem com atenção as fotos. São jovens!!! São talvez tão vítimas quanto Adriely. Ela que não estará em meio a seus amigos, sorrindo e fazendo sorrir. Mas que tem, quem sabe, o conforto do que está para lá do Terreno. Eles, coitados, condenados a uma morte viva. Condenados a morte social. Condenados a carregar em cada um dos seus passos na Terra o peso de tão grande crime. Ela, Eles,tantos outros, todos nós; Ferrugem, Itaituba, ... Todos vítimas! Vitimas fatais; vítimas da angústia; vítimas do medo... Todos vítimas!! Sim, todos vítimas, mas também culpados!! Uns mais outros menos,

Cine & Vídeo Tarumã: Cinema Pela Verdade

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[Publicado originalmente por UFAM ] De 30 maio a 1º de junho a UFAM, recebe o projeto Cinema Pela Verdade, no Auditório Rio Negro, do ICHL, com exibições de filmes e realizações de debates. O evento é uma realização conjunta do Cine & Vídeo Tarumã, Núcleo de Antropologia Visual e Instituto Cultura em Movimento e tem o aval do Comando Local de Greve dos docentes, que incorporou as exibições ao seu calendário grevista. Os filmes selecionados para exibição na UFAM são: Dia 30 de maio - Quarta Feira -  8h30 - Auditório Rio Negro/ICHL Cidadão Boilesen [de Chaim Litewski) O filme indicará para discussão o tema “A Participação do Empresariado na Ditadura Militar”, e terá a presença do professor José Seráfico de Carvalho e do jornalista Aldísio Filgueiras. O filme Cidadão Boilesen (2009), revela as ligações do empresário dinamarquês Henning Albert Boilesen, presidente do famoso grupo Ultragás, com os militares nos primeiros momentos da ditadura, ajud

Para Duas Mulheres

[Publicado originalmente em D24 ] Por José Aldemir Ambas unidas pela fé lutavam pelo que acreditavam. Ambas escolheram a Amazônia como palco de suas ações. Ambas já nos deixaram, uma de ‘morte matada’, assassinada num dos bárbaros crimes que ocorrem nesta Amazônia sem fim, a outra de ‘morte morrida’, de males que só nestes trópicos há. Ambas levavam a vida adubando a terra e semeando, cuidando da mata e dos bichos, mas cuidaram mesmo foi de gente, especialmente dos injustiçados. Ambas foram radicais e não faziam concessões na defesa do que acreditavam, porém suas radicalidades tinham um quê de ternura, de afeto e de leveza, pois o que lhes impulsionava era o amor à vida em toda a sua plenitude. Uma conhecido movimento pastoral, pois a partir dos anos 1990 não havia uma reunião para se discutir a Amazônia na perspectiva dos mais simples que seu nome não fosse citado. A outra tive o privilégio de conhecer pessoalmente e de aprender muito com seus ensinamentos.

Belo Monte: Brazil's damned democracy

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[Publicado originalmente por: Al Jazeera ] Por Manuela Picq The Belo Monte dam project shows the government's failure to respect indigenous rights and reform energy policy. The Belo Monte Dam will be the third largest in the world, displacing around 200,000 people [EPA] Quito, Ecuador- It's rather ironic to find commonalities between President Rousseff's government and past Brazilian military regimes. Brazil's President Dilma Rousseff is particularly emblematic of democracy's victory over dictatorship. Not only has she consolidated democratic politics and overseen continued growth in the world's sixth largest economy, Brazil's first female head of state was once a guerrilla jailed and tortured by the military regime. She has pushed for a Truth Commission, forcing the military to bend to accountability and transparency. Simultaneously, however, she is pushing forward the Belo Monte Dam, the largest in Bra

Turma do Curso de Agroecologia da UEA de Itacoatiara faz Visita Técnica à Casa da Cultura do Urubuí

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A carreira de agroecologia é ainda nova no Brasil. No estado do Amazonas duas instituições de ensino superior – Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (IFAM) – já oferecem cursos de graduação nesta área. Nos dias 15 e 16 de maio de 2012 tivemos a alegria de receber a turma de Agroecologia do campos de Itacoatiara da UEA para uma visita técnica que teve como propósito discutir experiências de agricultura amazônica. Embora a carreira de agroecologia ainda seja pouco conhecida, é talvez a mais importante no contexto Amazônico dentro do universo dos cursos de Ciências Agrarias. Primeiro porque assume o papel de conciliar o conhecimento científico com o conhecimento dos povos amazônico. Segundo porque assume o desafio de desmistificar a pseudociência que muitas vezes se verifica na academia quando esta procede a um simples copiar de técnicas de agricultura de outras regiões e aplicar na forma de receita pronta, sem uma

Criado o Comitê Pela Verdade, Memória e Justiça do Amazonas

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  Mais de 100 pessoas participaram, nesta segunda-feira, do encontro para formação do Comitê pela Verdade, Memória e Justiça do Amazonas. Entre os participantes estava o representante da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Gilney Viana. O comitê terá como principais desafios o levantamento completo dos desaparecidos políticos e dos mais de 2 mil Waimiri-Atroari massacrados entre as décadas de 1960 e 1980, durante a Ditadura Militar. O desaparecimento de indígenas ocorreu em toda a Amazônia, porém eles não constam nas listas oficiais dos desaparecidos. Com a inclusão dos Wamiri-Atroari nas listas oficiais, o número de vítimas da Ditadura deve triplicar. O comitê deve auxiliar a Comissão da Verdade, da presidência da república, a responder lacunas como: “Por que kamña (civilizado) matou Kiña (Wamiri-Atroari)?”, “O que é que kamña jogou do avião e matou Kiña?”, “Apiyeme-yekî” (por quê)?.   Participam da coordenação do Comitê pela Verdade, Memória e Justiça

Waimiri-Atroari – a Guerra velada e revelada

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Foto: Beto Oliveira (Câmara dos Deputados), 09 de maio de 2012. Contra os Waimiri-Atroari se realizou uma "guerra relâmpago”. Ao citar essa frase, Egydio Schawade concluía seu depoimento na Comissão da Verdade, da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, em Brasília. Seus olhos começaram lacrimejar. Era um início de tarde agradável na capital federal.   No dia 9 o plenário 9 recebeu um curioso e indignado público. Estava se começando a revelar um dos mais cruéis crimes cometidos pela ditadura militar contra um povo indígena. Existem indícios de que no período de dez anos (1967 a 1977) no período da construção da BR 174, que liga Manaus a Boa Vista, foram exterminados em torno de 2 mil Waimiri-Atroari. Esse povo resistiu bravamente contra a invasão de seu território. A guerra santa do desenvolvimento a qualquer custo, ontem e hoje, continua fazendo milhares de vítimas, em sua grande maioria anônimos, ocultados, enterrados pela história do colonizador, dos interesses

Criação da Comissão da Verdade, Memória e Justiça do Amazonas

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Convite O Comitê para a Criação da Comissão da Verdade, Memória e Justiça no Estado do Amazonas tem o prazer de convidar todos os interessados para colaborar com a criação da Comissão da Verdade, Memória e Justiça do Amazonas que ocorrerá no dia 14 de maio de 2012 (segunda-feira), às 14:00 horas, no Auditório Rio Negro da Universidade Federal do Amazonas - UFAM. A comissão terá como objetivos principais debater, registrar e divulgar os casos de desrespeito aos direitos humanos cometidos durante a Ditadura Militar no Estado.  Respeitosamente, Presidente Figueiredo, 10 de maio de 2012 Egydio Schwade Pelo Comitê para a Criação da Comissão da Verdade, Memória e Justiça no Estado do Amazonas

Comissão da Verdade quer Tornar Público Massacre de Indígenas Durante Regime Militar

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[Publicado originalmente por Rádio Câmara , 09/05/2012] Ouça a reportagem da Rádio Câmara, de Brasília, Karla Alessandra Debate na Comissão Parlamentar Memória, Verdade e Justiça. Foto: Beto Oliveira, 09 maio de 2012. Comissão Parlamentar Memória, Verdade e Justiça da Câmara quer tornar público os assassinatos de dois mil índios durante o regime militar, entre os anos de 1972 e 1975. Os índios da etnia waimiri-atroari eram contrários à construção da BR-174, que liga Manaus e Boa Vista e corta a área original da reserva indígena no Amazonas. A denúncia foi veiculada no jornal A Crítica de Manaus no dia 8 de abril e levou a Comissão Parlamentar da Verdade à realização de audiência pública nesta quarta-feira. A presidente da comissão, deputada Luiza Erundina, do PSB de São Paulo, criticou a ausência da Funai e da Eletronorte, que foram convidadas para participar da audiência. Luiza Erundina reiterou que não se pode esquecer a história desses índios. "Não dá porque são m

Comissão Parlamentar Memória, Verdade e Justiça Discute o Desaparecimento de Mais de 2000 Waimiri-Atroari sob a Ditadura Militar

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[Publicado Originalmente por Rogelio Casado no PICICA ] Egydio Schwade indo para o Debate em Brasília PICICA: O desaparecimento de 2000 índios Waimiri Atroari durante a ditadura militar foi discutido pela primeira vez na Comissão Parlamentar Memória, Verdade e Justiça presidida pela deputada Luiza Erundina. Segundo a jornalista amazonense Verenilde Pereira, residente em Brasília, presente à sessão, a representante da FUNAI, Francisca Picanço, que é "assessora parlamentar", não compareceu, nem mandou recado. Isto irritou os parlamentares e o deputado Chico Alencar chegou a dizer, em alto e bom tom: "A assessora está "gazetando” trabalho". Participaram da sessão Setephen Baines, antropólogo da UNB, e Egydio Schwade, ex-missionário do Cimi, autor da denúncia do desaparecimento dos Waimiri-Atroari, sob o qual dedicou vários textos em seu blog Casa da Cultura do Urubuí [ Série de textos 2000 Waimiri-Atroari Desaparecidos da Ditadura Militar: 19/02/20

Comissão Discute Possível Massacre de Índios Durante Regime Militar

A Comissão Parlamentar Memória, Verdade e Justiça realiza na quarta-feira (9), às 14 horas, audiência pública sobre a denúncia de massacre da etnia indígena waimiri-atroari durante o regime militar. O debate do colegiado, que faz parte da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, será no Plenário 9. A deputada Luiza Erundina (PSB-SP), que propôs a audiência, explica que o jornal A Crítica, do Amazonas, publicou matéria sobre o desaparecimento de cerca de 2 mil indígenas no estado, entre 1972 e 1975. Segundo a reportagem, os waimiri-atroari eram vistos, pelos militares, como um empecilho para o desenvolvimento da região pelo fato de resistirem à construção de uma estrada – a BR-174, que liga Manaus a Boa Vista. Erundina ressalta que eles não aparecem na lista oficial de desaparecidos políticos, nem na de vítimas de violação de direitos humanos durante a ditadura. “O massacre aconteceu por etapas e envolveu diferentes órgãos do regime militar”, diz o indigenista e ex-missionário Egydio S

Da Selva Profunda, o Grito no Asfalto

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[Publicado Originalmente no Blog do Egon Hech ] “Saímos de casa há um mês e dois dias”, revelam algumas das lideranças dos seis povos indígenas do Acre há uma semana em Brasília. Reuniram com dezenas de órgãos públicos, elaboraram e protocolaram ou entregaram inúmeros documentos às autoridades, expuseram a dramática situação por que passam a maioria das comunidades indígenas no Estado do Acre, fizeram emergir do fundo da floresta ao coração do poder, o grito “Estamos morrendo. Que o mundo saiba. Façam alguma ação urgente. Não aguentamos mais. A saúde indígena nunca esteve tão pior..” Os quarenta caciques, dos quais alguns viajaram por mais de duas semanas a pé, de canoa e ônibus, para chegar até Brasília, foram unanimes e enfáticos em seu clamor, no relato de suas dores, na exigência de providências imediatas. “Estamos aqui numa voz só. Viemos mostrar e falar a realidade, a verdade sobre o que se passa com nossas comunidades. Hoje expressamos nossas palavras até o mais