Criação de Abelhas do Gênero Frieseomelitta

As abelhas do gênero Frieseomelitta são nativas do continente americano, ocorrendo espécies por todo o território brasileiro. Em geral são abelhas muito pequenas. Pertencem a subfamília dos Meliponinae. São ainda pouco cultivadas, porém de mel saboroso e grande importância ecológica. Além disto, não exigem grandes esforços em seu cultivo.

Diversas espécies são popularmente conhecidas e alguns nomes são genéricos, designando diversas espécies: moça-branca (Amazonas), marmelada (Centro-oeste), püyeiwanö (Tiriyó - PA), etc. Trazem traços bem característicos como corbícula (estrutura da pata posterior que serve ao transporte de pólen) proporcionalmente muito grande.

A entrada do ninho permite a passagem de uma ou duas abelhas por vez. Logo após a entrada segue um túnel de cerume (mistura de cera e própolis) que, sem exceção, leva ao local onde é depositado o alimento da colméia (mel e pólen). Em algumas espécies o túnel chega a vinte centímetros de comprimento.

Diferente da grande maioria dos outros gêneros de abelhas sociais, as Frieseomelitta não constroem favos para abrigar as crias. Seus filhotes são dispostos em estruturas em formato de cacho. Costumam fazer seus ninhos em locais ensolarados, normalmente fendas e ocos de arvores de lenho duro. Geralmente definham quando na sombra.

Seu pólen tem sabor amargo. Já o mel é saboroso e muito denso, diferente de outras abelhas nativas que costumam ter o mel com alto teor de umidade. Ambos, mel e pólen, são armazenados em cerume, sendo os potes de pólen cilíndricos e os de mel pequenas bolotinhas sobrepostas.

Desde 1993, a família Schwade vem desenvolvendo uma experiência de cultivo dessas abelhas e outras espécies que integram um sistema agrícola de grande diversidade de espécies (florestas de alimentos). No decorrer dessa experiência foram desenvolvidas diversas técnicas e tecnologias de manejo de Frieseomelitta.

Essas abelhas podem ser criadas em pequenas caixas, o modelo que indicamos é o “Adu Schwade” também chamado de “caminhãozinho”, desenvolvida por Maurício Adu Schwade em 1996 (Figura 01).

Sugere-se uma revisão dos enxames a cada 3 (três) ou 4 (quatro) meses, embora não represente problema intervalos maiores. A colheita de mel é feita apenas abrindo-se o compartimento chamado de melgueira. Com a ajuda de uma faca, descolam-se cuidadosamente os potes de mel das paredes da caixa, evitando contatos manuais. Logo retira-se a melgueira e, novamente usando a faca, os potes presos ao fundo da caixa são descolados e postos em um recipiente de boca larga, limpo, seco e com tampa. Em seguida recompõe-se a caixa cuidadosamente.

A multiplicação dos enxames deve ser feita em épocas de maior produção de mel e em colônias que apresentarem maior quantidade de cria. Os passos são os seguintes:

1. Preparar uma nova caixa e um novo local para abrigar o enxame-mãe;

2. Retira-se a tampa do ninho, cuidando para que parte da cria fique presa nesta, e coloca-se sobre a nova caixa, da mesma forma a tampa nova deve ser posta na “caixa-mãe”;

3. Abre-se a melgueira da “caixa-mãe” para retirar pequena quantidade de mel e pólen para alimento da nova colméia;

4. A nova caixa deve ocupar o lugar da “caixa-mãe” que, por sua vez, será transferida para um outro local distante no mínimo um metro do antigo.

O meliponário para essa espécie deve garantir um longo tempo de exposição diária ao sol e proteção à caixinha contra excesso de chuva, umidade e do ataque de cupins e formigas. Neste sentido o modelo utilizado pela família Schwade oferece todos os requisitos além de ocupar pequeno espaço, ser de fácil fabricação e comportar dezenas de caixas (Figura 02). Graças à docilidade entre enxames destas abelhas, esses podem ser dispostos a poucos centímetros um do outros.

O mel de Frieseomelitta representa uma oportunidade de renda monetária e, na dieta do agricultor, contribui com a melhoria de sua saúde. Porém a importância das abelhas vai além da produção de mel. Em sistemas agroecológicos como os SAF’s (sistemas agro-florestais) que incorporam grande diversidade de espécies, principalmente frutíferas, a polinização proporciona aumento de produtividade. Em relação aos ecossistemas naturais, no livro intitulado “Abelhas Uruçu: Biologia, Manejo e Conservação” (Fundação Acangaú. Belo Horizonte, 1996) os pesquisadores Warwick Kerr, Gislene Carvalho e Vânia Nascimento afirmam que as indígenas sem ferrão, “no Brasil são responsáveis, conforme o ecossistema, por 40 a 90% da polinização das árvores nativas”. Além disso, algumas espécies vegetais dependem de uma única ou poucas espécies de abelhas para esse serviço.

Casa da Cultura do Urubuí, 14 de Junho de 2012 (reedição de artigo apresentado originalmente na Primeira Reunião Amazônica de Agroecologia)

Por Adu Schwade e Maiká Schwade

Comentários

  1. Parabéns amor as abelhas queria fazer uma visita ao seu meliponario passe o contato e adquirir um enxame.

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