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Mostrando postagens de maio, 2011

Caixa para Criação de Abelhas Indígenas Modelo Cacuí

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Nos quase 20 anos cultivando abelhas nativas na Amazônia e partilhando conhecimentos com indígenas e camponeses, temos procurado constantemente criar e estimular o desenvolvimento de modelos de Caixas adaptadas a cada espécie. Nesse processo já desenvolvemos alguns modelos que consideramos eficientes para o cultivo de diversas espécies de abelhas sem ferrão. Neste pequeno texto queremos apresentar o Modelo Cacuí, que temos utilizado no cultivo de abelhas do gênero Duckeola , em especial, mas que também se mostrou muito prática para abelhas do gênero Melipona, Scaptotrigona e algumas outras abelhas que constroem favos horizontais. Este modelo é composto por compartimentos sobrepostos que tem o mesmo formato. A única particularidade na estrutura básica dos compartimentos é que um deles apresenta um orifício para entrada das abelhas. No mais todos têm as mesmas dimensões. O tamanho dos compartimentos pode variar de acordo com a espécie de abelha. Aqui vamos explicar o modelo a partir da

Festa do Cupuaçu e o Presidente Figueiredo

Anualmente na cidade de Presidente Figueiredo é realizada a Festa do Cupuaçu. Neste ano de 2011, entre os dias 27 e 29 de maio, aconteceu a sua 21ª edição. A principal atração a se apresentar no palco da Praça da Vitória foi a Banda Paralamas do Sucesso. Ao cumprimentar o público presente o vocalista, Herbert Viana, falou que era uma grande satisfação estar neste local, apesar de o nome da cidade fazer referencia a uma pessoa que é parte de “um tempo escuro da nossa história”, a história do Brasil. A propósito, queríamos relatar brevemente quem foi o Presidente Figueiredo, para que se entenda um pouco do que faz referencias importantes da arte brasileira, como é Herbert Viana, revelarem certo asco a este nome. O general Figueiredo foi o último presidente da ditadura militar. Este período “escuro da nosso história”, como falou Herbert, foi marcado por sangrentas repressões a toda e qualquer oposição, e isso creio que é do conhecimento de todos. Muitos grandes pensadores, intelectuais

As Abelhas e o Nosso Ambiente

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Desde 1993 a nossa família investe na criação de abelhas aqui na região norte do Amazonas, no Município de Presidente Figueiredo. Além de 10 espécies de abelhas indígenas sem-ferrão, criamos também abelhas africanizadas, hoje presentes em toda a Amazônia. De nossa experiência concluímos que a criação de abelhas protege a floresta Amazônica e é um investimento sustentável, rentável e compatível com as diversas atividades agrícolas, quando feita dentro dos princípios da agroecologia. O investimento nas diversas espécies de abelhas presentes na região: garante e enriquece a biodiversidade. t raz alimento e remédio para quem as cria. o excedente dos seus produtos é facilmente comerciável. g arante águas boas já que as abelhas necessitam de águas limpas o que exige do seu criador cuidado especial das fontes e mananciais. amplia ao infinito a vida na Mãe-terra, devido aos princípios exigidos por uma honesta criação de abelhas. Incentiva a troca de conhecimentos, de mudas e de sementes. Esti

Uma “Floresta de Alimentos” inspirada na cultura indígena

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Notícia publicada originalmente no sítio da UEA (08 de Outubro de 2009) Filho de um gaúcho com uma catarinense militantes do movimento indigenista, nascido em Itacoatiara, o agricultor Maurício Adu Schwade cultiva uma área em Presidente Figueiredo em que a família pratica uma agricultura de base agroecológica inspirada na convivência com agricultores familiares e comunidades indígenas denominada Floresta de Alimentos. “É um sistema bem diversificado”, explica, baseado na recuperação de áreas degradadas para consumo familiar e comunitário. O que diferencia esse conceito do que se convencionou chamar de sistemas agroflorestais é o foco. Enquanto os sistemas agroflorestais focam a produção, a Floresta de Alimentos vê o produtor, em primeiro lugar, como uma unidade consumidora, inclusive de bens culturais e sociais. “A natureza é pensada não só como um fornecedor de materiais para o homem, mas como um conjunto desses valores”, diz Adu. Em Presidente Figueiredo, a família é proprietária d

Por que kamña matou kiña?

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2000 Waimiri-Atroari Desaparecidos Durante a Ditadura Militar – Texto3 Em junho de 1985, sentado na calçada em frente ao prédio da FUNAI, em Brasíia, em companhia de dois Waimiri-Atroari ou Kiña , um deles me perguntou à queima-roupa: “O que é que civilizado joga de avião e que queima corpo da gente por dentro?” Em aula, tão logo tiveram confiança em nós, Doroti e Eu, semelhantes perguntas se sucediam: “Por que Kamña (civilizado) matou Kiña ?” “O que é que Kamña jogou do avião e matou Kiña ?” Kamña jogou kawuni (de cima, de avião), igual a pó que queimou garganta e Kiña morreu logo”. “ Apiyemeyekî? ” (Por quê?). Procurávamos, inicialmente, furtar-nos à curiosidade sobre essas questões, sabedores da susceptibilidade dos agentes da FUNAI e das Forças Armadas, únicos responsáveis pelo destino deste povo. Um texto de Damxiri dizia: “ Apapeme yinpa Wanakta yimata ” (Meu pai me abandonou no caminho da aldeia de Wanakta). A frase, discutida em aula, nos levou à seguinte história: um dia a

Assembléia da CNBB e os Índios

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Como vem acontecendo nas últimas décadas, a questão indígena foi colocada de forma contundente, em toda sua dureza e violência, pelo presidente do CIMI, Dom Erwin Krautler nesta 49ª Assembléia Geral da CNBB. Em seu pronunciamento, mais uma vez teve destaque a dramática situação nos Kaiowá Guarani: "De acordo com estes levantamentos, o Estado de Mato Grosso do Sul tem sido recordista em violências contra os povos indígenas. Ali as comunidades indígenas são obrigadas a viver em beira de estrada, são frequentemente expulsas de seus acampamentos, têm suas barracas e pertences queimados e seus líderes assassinados. Cerca de 50% dos assassinatos de indígenas ocorre naquele Estado. De acordo com recente informação do Ministério Público Federal, na terra indígena de Dourados, constituída de três mil e seiscentos hectares, nos quais vivem, em situação de confinamento, mais de 12 mil indígenas, o índice de homicídios é 800% maior que a média nacional. Esta prática de violência contra os pov

A Propósito do Dia das Mães

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--> A carta abaixo foi e scrita por Doroti, ainda solteira, após 51 dias diretos em viagens de levantamento da situação das comunidades indígenas e seringueiras dos rios Iaco, Purus, E nvira e Tauaracá no Acre e Médio e Baixo Purus, no Amazonas, como coor denadora do CIMI-A mazônia Ocidental, durante o ano de 1976 e início de 1977. Rio Branco, 13 de março de 1977. Querida mãe, Depois de 5 1 dias viajando chego a Rio Branco e encontro a correspondência e entre as cartas a tua. Mãe, eu sinto contigo, sofro contigo, não te culpo nem a me

O Código do Desflorestamento

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O Deputado Aldo Rebelo (PCdoB) tem buscado, por todos os meios, explicar algumas inaceitáveis (e, talvez mesmo, inexplicáveis) concessões ao agronegócio, no que se refere ao novo Código Florestal, no que ele qualifica como “o equilíbrio possível”. A argumentação de Rebelo é da mais pura retórica. Em primeiro lugar, quer nos fazer crer que todo o seu esforço é tão só e simplesmente por salvar da falência – que viria por conta das multas por transgressão do código florestal – a milhares de pequenos agricultores. O fato é que centenas de grandes e poderosos fazendeiros e empreendimentos de agro-negócio efetivamente se beneficiarão (em prejuízo do bem comum), mas o Deputado parece considerar isso um pequeno e desprezível efeito colateral. O deputado também abusa da retórica quando sugere que alguém gostaria de enquadrar na legislação atual propriedades abertas ao tempo de Tomé de Souza. Alguém precisa avisar o deputado que, sendo o foco dos problemas ambientais no Brasil atual, sobretudo

Economia Sustentável da Amazônia

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Quando se está discutindo o Código Florestal Brasileiro é salutar recordar a experiência humana já vivida nesta parte do planeta, de antes da sujeição ao modelo de organização política estatal. A sobrevivência da humanidade está hoje ameaçada pela violência física e cultural que a terra sofre e pela depredação dos recursos alimentícios originários ou próprios a cada região do planeta. Assim a sobrevivência de todos os viventes depende de uma mudança da política e da economia dos Estados Nacionais e, principalmente, de um consciente reconhecimento de economias distintas da crematística* praticada pelos Estados. Muitos povos, comunidades, organizações e lideranças, vivem hoje preocupados atrás de créditos e de produtos de mercado para sustentar necessidades artificiais e ficções criadas ao longo da História humana. E nesta ânsia se esquecem da alimentação e da saúde das pessoas, esquecem-se da preservação da natureza, da sua cultura e da economia da reciprocidade, fundamentos da abundânc