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Mostrando postagens de janeiro, 2014

Pedágio Indígena

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Por Egon Heck Prontamente o cacique Aurelio Tenharim dá outra interpretação “a gente não fala de pedágio, fala de cobrança de compensação. Ela nunca vai pagar a dívida. Nós éramos 30 mil tenharins, hoje somos 800. Os jeahoy foram quase extintos. Claro que o povo tenharim tem deixado aberto para negociar com os governantes. Esperamos quatro anos para sentar na mesa de negociação, mas nenhum órgão se manifestou. Ninguém levou a sério essa cobrança de compensação da parte do governo. Continua o cacique Aurelio “a Transamazônica tem história de massacre, de estupro de nossas índias, escravos, violação de direitos. Quem vai pagar isso? Essa compensação não está só na fala, está no Ministério Público Federal que tem esse relatório detalhadamente. As autoridades aqui presentes precisam ver o relatório levantado por antropólogos e biólogos.” Tribuna da Imprensa, 8/01/2014) Neste inicio de ano a atenção continua voltada para a Amazônia. Quando se fazia crer que ali a questão indígena

A Batalha de Humaitá

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"A suspeita de que foram os indígenas os responsáveis por três desaparecimentos funcionou como um rastilho de pólvora em uma região marcada pela ilegalidade, violência e omissão do Estado." O texto traz importantes informações sobre os bastidores dos conflitos em Humaitá. Por Alceu Luís Castilho Originalmente publicado em " Agência Pública "   Cena 1. Terra Indígena Tenharim, km 123 da Rodovia Transamazônica, sul do Amazonas. 27 de dezembro de 2013. De um lado da ponte sobre o Rio Marmelos, de Manicoré para Humaitá, centenas de homens, 50 deles armados. Do lado de Humaitá, 100 guerreiros da etnia Tenharim, 50 de cada lado da estrada. Também armados. Zelito Tenharim, funcionário da Fundação Nacional do Índio (Funai), está no grupo que liga do orelhão para o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e a presidente da Funai também participam da conversa. E ouvem, ao fundo, os gritos d

O Índio Está Aqui Desde que o Mundo Existe

Por José Aldemir de Oliveira (1) Originalmente Publicado por D24am.com Os acontecimentos no sul do Amazonas dos últimos dias deveriam nos levar à reflexão sobre o significado da terra para as populações indígenas e sobre o modelo de desenvolvimento que se insiste em adotar para a Amazônia que tem beneficiado uma minoria e prejudicado a maioria, especialmente as populações indígenas. Sobre o primeiro aspecto, tem-se incorrido num erro grave, qual seja, tratar a terra indígena como tendo o mesmo valor e o mesmo significado no imaginário de grupos portadores de modos de vida diferenciados, pois originados de outras culturas. É preciso compreender que a terra indígena é um espaço que, por meio do uso, se transforma em território, tornando-se humano e, portanto, cheio de possibilidades. Território produzido em tempos imemoriais, como sustenta Margarida Tenharim num depoimento que circula na internet : “ninguém pode me perguntar dizendo até que ano vocês estão aqui? Não, eu est

Os Tenharim, a Ditadura e seus interesses na Região.

Diante das novas agressões que o povo Tenharim vem sofrendo no seu território ao Sul do Amazonas, trago a público trechos de documentos que guardo na Casa da Cultura do Urubuí, ou seja, cartas de agentes do CIMI de 1981, onde estes já denunciam os interesses que comandam as agressões contra esse povo. Interesses não muito diferentes dos de hoje.  Veja este relato de 1981, de Exequias Heringer, vulgo Xará, e Ana Lange, ambos então agentes do CIMI atuantes naquela região do rio Madeira:  “O grupo Paranapanema tem duas minerações de cassiterita na região: Igarapé Preto e São Francisco. Estivemos na primeira onde obtivemos informações com a equipe de engenheiros local. Lá a mineração se estabeleceu em cima da aldeia indígena (Tenharim), que teve de se transferir para uma área anexa. Não recebem qualquer tipo de assistência e se encontravam num triste quadro de catapora. Outros Tenharim estão dentro da reserva a ser demarcada, mas estes declaram que não irão para dentro da reserva a