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Mostrando postagens de abril, 2022

Especial 50 anos do CIMI - Os primeiros passos do CIMI II - A propósito dos 25 anos - Egydio Schwade

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Especial 50 anos do CIMI - LEIGOS NOS TRABALHOS INDIGENISTAS DA IGREJA - Egydio Schwade

O texto abaixo é o que enviei à assembleia dos leigos do CIMI, que se realizou em julho de 1995. Creio que ainda serve neste momento de reflexão nos 50 anos do CIMI, e diante do o incentivo do Papa de buscar a periferia e da sua preocupação com o forte clericalismo na América Latina. que motivou até um documento especial sobre o assunto. Olhando para os 50 anos do CIMI, fica evidente que o impulso inicial desta presença da Igreja nova e esperançosa nas bases indígenas, se deveu principalmente aos leigos. Em 1963, quando cheguei à Missão Anchieta dos jesuítas no Noroeste de Mato Grosso, havia ali dois tipos de leigos trabalhando na Missão. Os irmãos leigos, jesuítas, não padres que executavam trabalhos braçais sob a orientação dos padres jesuítas da Prelazia de Diamantino e leigos, não-religiosos, que executavam igualmente serviços de “tapa buraco”, isto é, trabalhos que os padres tinham dificuldade de fazer ou simplesmente sabiam fazer. Esta situação do leigo na Prelazia era igual

Especial 50 anos do CIMI - SÁBADO SANTO EM CACIQUE DOBLE/RS - Um causo da caminhada indigenista

  Foi no fim da tarde do Sábado Santo de 1967. Thomaz Lisboa e eu, seminaristas jesuítas, batemos às portas da casa paroquial dos padres capuchinhos de Cacique Doble/RS. Não havia lugar para nós na casa paroquial. Assim mesmo decidimos permanecer na cidade, para participar das cerimônias do Sábado Santo, embora já nos tivéssemos decidido buscar abrigo na aldeia indígena há uns três quilômetros dali, pois não tínhamos dinheiro para nos abrigar em algum albergue da cidade. Assim, após as cerimônias, seguimos a pé até a aldeia, mesmo desconhecida de para nós, confiantes de que os mais pobres, sempre acham alguma vaguinha em seus ranchos. Chegamos à aldeia após a meia noite, sob um luar pascal. Nos apresentamos ao chefe de posto do Serviço de Proteção ao Índio-SPI, Reinaldo Veloso, que nos acolheu, mas nos disse que tinha apenas uma cama disponível no posto. Na cama, colocou dois travesseiros: um na cabeceira e o outro no pé da cama. Cansados da viagem e das longas caminhadas do dia, passa

Especial 50 anos do CIMI - MEUS PRIMEIROS 10 ANOS DE MISSÃO INDÍGENA - Egydio Schwade

  Durante todo o meu currículo escolar jesuítico eu havia sido um aluno medíocre. Mas durante o Curso de Filosofia, com o incentivo do Pe. Arnaldo Bruxel, sj., cultivei meu gosto pela História e tirei 10, com louvor, no trabalho de conclusão da Filosofia. A direção dos jesuítas da Província do Sul do Brasil descobriu então a minha tendência e não pensaram outra: tem que fazer o Curso de Historia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. (aliás, a direção de toda a Igreja e consequentemente das ordens e congregações religiosas, pensam como todo o Governo Ocidental em função das necessidades urbanas, principalmente em função, no caso dos seus colégios e universidades.) Assim, no meu caso, tudo se configurava como um destino inexorável. Aí, segunda metade do ano de 1962, me defrontei com um drama vocacional que me fez recorrer a Roma. No íntimo eu questionava esta inexorabilidade, pois não foi isto que me trouxe à Companhia de Jesus, mas, sim, o desejo de servir em alguma missão, pref

Especial 50 anos do CIMI - O Massacre do Paralelo 11 - por Egydio Schwade

 No dia 29 de outubro de 1963, vi surgirem de uma trilha do cerrado, na beira do pequeno aeroporto de Utiariti, ao lado do Rio Papagaio, primeiro dois, depois mais 37 seringueiros. Foram-se aproximando lentamente do internato indígena de Utiariti. Arrastavam-se sob um ‘bucho’ (saco seringado) pesado e sob um corpo e uma consciência cansados. Mas o seu pecado, com certeza, não era tao grande quanto o dos seus patrões: Antônio Junqueira e Sebastião de Arruda. Haviam acabado de eliminar, um grupo de criminosos que mataram muitos índios e seringueiros inocentes, a serviço desses seringalistas. No levante mataram Amorim, encarregado do seringal Juina-Mirim, da Firma Arruda-Junqueira e mais 5 cinco capangas.  Acolhidos por nós em Utiariti e após um dia de descanso, começaram a revelar histórias de muita dor e o Pe. Arlindo Oliveira as foi gravando em fita cassete ali no meu escritoriozinho da escola. Ali foi revelado o Massacre do Paralelo 11, cometido contra os índios Cinta Larga a mando do

Especial 50 anos do CIMI - OS PRIMEIROS PASSOS DA OPAN - Egydio Schwade

Caros amigos e amigas, do CIMI-OPAN e CPT, Como várias pessoas me tem solicitado entrevistas, textos e falas a propósito dos festejos dos 50 anos da História do CIMI, que tenho vivenciado desde os seus precedentes e surgimento, inclusive, tendo coordenado a plenária do dia 23 de abril de 1972, em Brasília, onde nasceu, vou iniciar hoje a publicação de textos que elaborei em diversos momentos desta história. Acho que estes textos podem contribuir para a recuperação da memória, sobretudo do surgimento e inícios do CIMI. Os textos foram escritos em momentos diferentes da caminhada do CIMI, por isso, peço que não levem a mal se encontrarem redundâncias ou até parágrafos repetidos. Um cordial abraço, Egydio OS PRIMEIROS PASSOS DA OPAN Cheguei à Missão Anchieta-MIA no dia 1 de janeiro de 1963. A situação dos índios era muito difícil. Índios abdicando de sua identidade e para se esconderem, buscavam a cidade. Missão indígena estagnada sobre o internato de Utiariti, o qual tinha a sua continui

P. TIAGO: O ESCOCÊS QUE SE TORNOU CABANO - texto por Egydio Schwade

Esta semana nos deixou o Pe. Tiago Thorlby. O nosso querido Tiagão. Conhecemos o Tiago no início dos anos 80, em Itacoatiara. De repente apareceu ali, na nossa casinha de madeira, no meio do povo no bairro Iraci, o meio do povo do Baixo Amazonas. Convivemos um bom tempo, muita animação, em meio aquele povo, ajudando-o na organização em Comunidades Eclesiais de Base e no Sindicato dos Trabalhadores Rurais e a recontar a História de luta pelos seus direitos: terra, peixe, água, moradia... Unidos, Tiago e nossa família, integrados à Prelazia-CIMI-CPT-OPAN, vivenciando e evidenciando a História invisível da Amazônia, dos índios, ribeirinhos, do povo das periferias que surgia abrindo espaço. Assim a formação do Bairro do Santo Antônio, em Itacoatiara, a sua luta por luz, água e direito à moradia, se transformou naquele momento numa agitação geral, com as CEBs à frente, cutucando os órgãos responsáveis e andando em manifestações de rua. Um dia a Polícia prendeu o Antônio, negro, soldado apos

Efemérides - 08.04.1988 - Funai acusada de boicotar missionários, CIMI: Funai não cumpre sua missão

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 Efemérides de hoje mostra como o não cumprimento dos objetivos da FUNAI é uma constante do órgão. Ao invés de cumprir a lei estabelecida pela Constituição fica a serviço da política anti-indígena dos governos. Na Nova República esperavam-se mudanças positivas em favor da causa desses povos, mas os fatos seguiram o caminho da Ditadura Militar. E em nossos dias escancarou-se a política anti-indígena. Casa da Cultura do Urubuí, 08 de Abril de 2022, Egydio Schwade