Vida e História de Dorotí: Texto 5

Doroty Alice Müller: Um Sorriso para a Vida

A Figura forte e sempre presente de nossa querida Dorô nos traz à lembrança momentos de sua trajetória marcante. Ela chegou à OPAN em 1974, para um estágio numa vila operária, próximo a Porto Alegre RS. No ano seguinte foi destinada ao Projeto Novo Horizonte, MT, onde a equipe estava ultimando sua atuação à frente de uma escola, pois a decisão era entregar a escola à comunidade local. Em 1976 Dorô já está no Projeto Acre e Purus, onde com um grupo da OPAN (Rosa Monteiro e Darci Secchi) e da TVC (Marta Callovi e Giovanni Cantu), realizaram os primeiros levantamentos dos povos Kulina, Kaxinaua, Jamamadi e Apurinã, nos rios Purus e Envira, com apoio das paróquias locais. Eram os primeiros movimentos de constituição do Regional do CIMI, quando Dorô foi escolhida para integrar a equipe de coordenação da pastoral indigenista do CIMI. No ano seguinte, a atuação se estendeu para a região de Lábrea e Humaitá, procedendo a um levantamento que inclui os índios Piraha, Jiahui, Apurinã, Parintintin, Turã, Tenharin, Mura e Jamamadi. Para tanto, Dorô percorreu alguns rios, igarapés e lagos. Procurou, também, como encarregada do Regional Norte do CIMI, motivar aquelas áreas para um trabalho pastoral específico junto aos grupos indígenas. No segundo semestre de 1977 no Baixo Purus, apoiadas na sede da prelazia de Lábrea, Dorô e Marta dinamizaram o atendimento na área de saúde e apoio à cultura dos grupos Jamamadi, Apurinã e Kanamanti.

Entre 1978 e 79 certamente mudaram os planos: com o casamento com Egydio Schwade e o nascimento do primeiro de cinco filhos, a família Schwade se localizou em Itacoatiara, AM, iniciando um trabalho com os povos Wai-wai, Ixkariana e Waimiri-Atroari, implantando a Pastoral Indigenista na Prelazia de Itacoatiara.

Nos anos subseqüentes o casal Doroty e Egydio se integrou em diversos fóruns locais e regionais, dinamizando a comunicação entre os grupos através do Boletim CIPÓ. Paralelamente a essas atividades, foram colhendo informações, estudando e planejando os passos no rumo dos Waimiri e Atroari. Em 1985 iniciaram um trabalho escolar, conduzindo uma experiência de um programa de alfabetização na língua, durante um período de 15 meses, quando foram expulsos pela FUNAI. A questão Waimiri-Atroari viria a marcar profundamente a inserção na região, com levantamento de informações e fundação do MAREVA (Movimento de Apoio à Resistência Waimiri e Atroari), constituindo uma rede de parceiros, numa corrente a favor destes povos. Assim, o profundo compromisso com a transformação local e a inserção nas questões globais oferecem uma moldura do seu modo de vida, cabendo certamente à Dorô animar e revigorar as relações do cotidiano, com sua reflexão crítica e engajada.

Em 2009, ao festejarmos 40 anos de OPAN, tivemos a oportunidade de ouvir de Dorô a reafirmação de suas convicções e seu entusiasmo pelas causas populares e indígenas.

Ivo Schroeder
Operação Amazônia Nativa - OPAN

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