Doroti e o Peso
Mas será o peso de fato deplorável, e esplêndida a leveza?
Milan Kundera
Milan Kundera, com sua leveza insustentável, problematiza a compreensão machista e maniqueísta de Parmênides e seu mundo dividido em pares opostos (luz/escuridão, peso/leveza, calor/frio, masculino/feminino), no qual atribuiu um valor negativo a feminino, peso, frio e escuridão e um valor positivo a seus antípodas.
Ao questionar este sistema, Kundera usa, por exemplo, a seguinte metáfora:
O mais pesado dos fardos nos esmaga; sob seu peso, afundamos, somos pregados ao chão. E, no entanto, na poesia amorosa de todas as épocas, a mulher anseia por sucumbir ao peso do corpo do homem. O mais pesado dos fardos é, pois, simultaneamente, uma imagem da mais intensa plenitude da vida. Quanto mais pesado o fardo, mais nossas vidas se aproximam da terra, fazendo-se tanto mais reais e verdadeiras.
Bela tentativa, Kundera, mas cremos poder oferecer exemplo mais significativo para contestar Parmênides e, por isso, neste momento, nós o desafiamos!! Apresentamos a você (ainda que post mortem) e aos leitores, a história da incrível Doroti Schwade.
Doroti Schwade, mulher. Mulher agricultora. Mulher agricultora, mãe de cinco filhos. Militante mulher mãe agricultora forte. Forte Doroti, doce Doroti.
Peso,
fardo, ombros, braços.
Doçura. Doce Doroti. Doce fardo. Doces filhos. Doroti criou seus filhos.Grandesfilhos! Doou-se. Adocicou-os.
Doçura? Amor? Amor de Doroti? Egydio. Mel. Mas... Egídio... o Padre Egydio?
Sim... não... Bem... Doroti não tornou-se a mula-sem-cabeça. Doroti tinha uma cabeça (e que cabeça!!).
E nesta cabeça fervilhavam filhos, militância, família, igreja, mel, terra.Doroti fervilhava. Doroti amava. Amor intenso. Taquicardia. Pressão alta.Dorotirefletiu sobre o mundo, o mundo inteiro não coube em sua cabeça.Doroti amou sua família.
Sua família eram os Waimiri-Atroari, mas também os índios de outras etnias.Etambém brancos, negros, amarelos. Sua família era a humanidade.Doroti sabia o peso da responsabilidade. E no dia 2 de dezembro de 2010,Dorotiexplodiu de amor pela humanidade. E como Kundera, sabia que o peso era positivo.Sabia que entraria em comunhão com Deus.Desejou que sua partida fosse alegre.E, por ela, pela beleza de sua trajetória, todos se alegraram em sua despedida.
Dos amigos
Welton Oda e Mônica Colares
10 de dezembro de 2010
Milan Kundera
Milan Kundera, com sua leveza insustentável, problematiza a compreensão machista e maniqueísta de Parmênides e seu mundo dividido em pares opostos (luz/escuridão, peso/leveza, calor/frio, masculino/feminino), no qual atribuiu um valor negativo a feminino, peso, frio e escuridão e um valor positivo a seus antípodas.
Ao questionar este sistema, Kundera usa, por exemplo, a seguinte metáfora:
O mais pesado dos fardos nos esmaga; sob seu peso, afundamos, somos pregados ao chão. E, no entanto, na poesia amorosa de todas as épocas, a mulher anseia por sucumbir ao peso do corpo do homem. O mais pesado dos fardos é, pois, simultaneamente, uma imagem da mais intensa plenitude da vida. Quanto mais pesado o fardo, mais nossas vidas se aproximam da terra, fazendo-se tanto mais reais e verdadeiras.
Bela tentativa, Kundera, mas cremos poder oferecer exemplo mais significativo para contestar Parmênides e, por isso, neste momento, nós o desafiamos!! Apresentamos a você (ainda que post mortem) e aos leitores, a história da incrível Doroti Schwade.
Doroti Schwade, mulher. Mulher agricultora. Mulher agricultora, mãe de cinco filhos. Militante mulher mãe agricultora forte. Forte Doroti, doce Doroti.
Peso,
fardo, ombros, braços.
Doçura. Doce Doroti. Doce fardo. Doces filhos. Doroti criou seus filhos.Grandesfilhos! Doou-se. Adocicou-os.
Doçura? Amor? Amor de Doroti? Egydio. Mel. Mas... Egídio... o Padre Egydio?
Sim... não... Bem... Doroti não tornou-se a mula-sem-cabeça. Doroti tinha uma cabeça (e que cabeça!!).
E nesta cabeça fervilhavam filhos, militância, família, igreja, mel, terra.Doroti fervilhava. Doroti amava. Amor intenso. Taquicardia. Pressão alta.Dorotirefletiu sobre o mundo, o mundo inteiro não coube em sua cabeça.Doroti amou sua família.
Sua família eram os Waimiri-Atroari, mas também os índios de outras etnias.Etambém brancos, negros, amarelos. Sua família era a humanidade.Doroti sabia o peso da responsabilidade. E no dia 2 de dezembro de 2010,Dorotiexplodiu de amor pela humanidade. E como Kundera, sabia que o peso era positivo.Sabia que entraria em comunhão com Deus.Desejou que sua partida fosse alegre.E, por ela, pela beleza de sua trajetória, todos se alegraram em sua despedida.
Dos amigos
Welton Oda e Mônica Colares
10 de dezembro de 2010
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