Festa do Cupuaçu e o Presidente Figueiredo

Anualmente na cidade de Presidente Figueiredo é realizada a Festa do Cupuaçu. Neste ano de 2011, entre os dias 27 e 29 de maio, aconteceu a sua 21ª edição. A principal atração a se apresentar no palco da Praça da Vitória foi a Banda Paralamas do Sucesso. Ao cumprimentar o público presente o vocalista, Herbert Viana, falou que era uma grande satisfação estar neste local, apesar de o nome da cidade fazer referencia a uma pessoa que é parte de “um tempo escuro da nossa história”, a história do Brasil. A propósito, queríamos relatar brevemente quem foi o Presidente Figueiredo, para que se entenda um pouco do que faz referencias importantes da arte brasileira, como é Herbert Viana, revelarem certo asco a este nome.
O general Figueiredo foi o último presidente da ditadura militar. Este período “escuro da nosso história”, como falou Herbert, foi marcado por sangrentas repressões a toda e qualquer oposição, e isso creio que é do conhecimento de todos. Muitos grandes pensadores, intelectuais, artistas e defensores da democracia foram ferrenhamente perseguidos e muitos acabaram mortos. Isso, principalmente em termos do desenvolvimento humano, causou grande atraso para país. Também agravou profundamente a desigualdade social. No fim do regime militar o Brasil estava entre os países com maiores desigualdades sociais do mundo.
Figueiredo também ficou conhecido pela frase “prefiro o cheiro dos cavalos ao o cheiro do povo”, revelando seu profundo desprezo pelo povo do Brasil.
Seu nome foi atribuído a esta cidade depois que em seu governo se desmembrou parte da Terra Indígena Waimirí-Atroarí em favor de multinacionais da mineração, em especial a Paranapanema Internacional Indústria e Comercio que, criada no paraíso fiscal das Ilhas Caiman, era responsável pela comercialização do minério.
Aliás, o próprio município foi criado para ajudar a viabilizar o saque de minérios desta porção do território nacional. E foi em grande parte por alguma arrecadação proveniente desta atividade de mineração que a cidade cresceu. Por muito tempo muitas denúncias foram feitas de que a maioria do minério explorado fluía pelo mercado negro, não deixando no país sequer o valor dos impostos devidos. Apesar disto o que se arrecadava e mais as propinas do que se deixava de arrecadar atraiu muitas pessoas com interesses escusos, muitos dos quais se meteram na política local. Presidente Figueiredo foi muito tempo a segunda arrecadação do Estado e ainda hoje continua entre as três maiores.
Também faz parte destes tempos sombrios o cruel assassinato de mais de dois mil Indígenas Waimirí-Atroarí, grande parte deste genocídio ocorrido no território que hoje é Município de Presidente Figueiredo.
Para concluir quero elogiar o grande show que os Paralamas fizeram aqui. E quero falar para o Herbert que de fato é uma vergonha termos este nome no município. Um dia devemos mudá-lo, no entanto, esperamos também outras mudanças para que então este dia chegue.

Casa da Cultura do Urubuí, 29 de maio de 2011.
Maurício Adu Schwade

Veja também: A Indústria Cultural do Cupuaçu

Comentários

  1. Atualmente querem empurrar a versão de que se trata de uma homenagem ao Tenreiro Aranha, que entre seus vários nomes encontraram um Figueiredo. Mas pergunte a um historiador "Quem foi o Presidente Figueiredo na Província do Amazonas", e ele responderá: "Quem? Há, você quer dizer o Tenreiro Aranha. Ele foi outra dessas figuras que contribuíram com a destruição de vários povos indígenas". Mesmo assim, pareceu menos feio do que a homenagem prestada ao último General Presidente da República durante a Ditadura Militar.
    Quando melhorarmos nosso Município, merecemos um nome mais bonito!
    Grande Abraço,

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    1. Meu Caro, sou filho desta terra, e morando em outra cidade há 12 anos, e com autoridade de genuíno figueiredense, concordo com sua proposição de mudança do nome de nosso querido município...há de chegar o dia, em que nós, juventude, tomaremos a frente de comando desta terra...

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  2. Infelizmente essa mania de obscurecer a História é uma prática constante, corriqueira, em nosso país. O discurso de que o brasileiro não tem memória parece se consolidar e se ergue como uma verdade inexorável. Essa falácia é reproduzida, principalmente, pelo nosso precário sistema educacional, e pelo viciado jogo político que parece querer anular a participação política da sociedade em geral, tentando propor uma idéia de que o poder cuida de nossos problemas em nosso lugar. Nosso papel enquanto cidadão parece estar relegado ao aconchego de nossos lares, com nossas televisões e futilidades diárias. Nada de debate político! Reunião na Câmara? Isso fica para aqueles que elegemos nas eleições passadas. Mas quem foram mesmo? Ah, não faz diferença. Vou assistir ao BBB e seguir aquela participante fogosa no twiter!
    Como vítimas de coisas que nos são dadas de cima para baixo, acabamos por aceitar tais “verdades” de forma que não ter memória parece ser lugar comum e confortável. Esquecer o passado e viver o presente sem perspectiva de futuro parece ser nosso famigerado destino. Mas isso é o que “eles” nos querem fazer acreditar. Esquecendo as coisas estamos mais suscetíveis aos enganos. Somos direcionados a adotar verdades forjadas no calor de interesses escusos. Por isso é fácil acreditar que o Presidente Figueiredo a que se refere o nome de nosso município remonta a época da província. Aliás, o que é província mesmo? Ah, deixa isso pros historiadores.
    Estar envolvido nos movimentos sociais, nas discussões políticas, na disputa por nossa sociedade, nos fará mais sagazes. E assim, poderemos evitar fatos escabrosos como o relembrado pelo Herbert no show (fato que, por sinal, foi novidade pra muita gente).

    André Luiz Passos

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    1. E você? o que tem feito? manter-se "prisioneiro" da intelectualidade não me parece o papel mais adequado a um revolucionário...nem Marx se deu ao luxo de prender-se ao discurso...ao contrário perseguido continuou lutando para expor suas teorias, e com seu comportamento e suas idéias revolucionaram e revolucionam o mundo até hoje... tá na hora de voce realmente sair do casulo e vir a luta...sei que é capaz...

      Amigo

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  3. e verdade ta na hora de muda esse nome ridiculo, um dia vao muda esse nome inmundo.

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  4. essa cidade tão bonita mereçe um nome lindo vcs nao axão galera? ,,,,,,, entao oq vcs axão de escolher um nome p essa cidade maravilhossa?... ass: k.... de urucurituba cidade do cacau, comesa afesta em abril.

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  5. Tantos anônimos...A meu ver é preciso que se analise a história como historiador, analisar e documentar o que de fato aconteceu, ouve-se de alguns que o nome foi uma homenagem ao presidente da república, feita pelo Então Governador José Bernardino Lindoso que queria angariar simpatias do presidente para se lançar candidato ao senado... dizem tb que o próprio presidente figueiredo recusou essa homenagem... por sua vez outros dizem que o presidente da república nada tem a ver com o nome do município... vcs leram bem.. dizem.... dizem.... o que existe de concreto sobre isto? Agora, essa repugnância ao nome do presidente me parece muito direcionada... não se pode esquecer de que foi no governo Geisel e Médici que a repressão foi violenta... A BR 174 não foi aberta no governo do Presidente Figueiredo.. foi no governo dele que se iniciou e se consolidou a volta à democracia... não me sinto nem um pouco mal em que este Município tenha o nome que tem... oficialmente se refere ao então presidente da província, agora se foi apenas uma fachada para homenagear o Presidente da República que o seja, Pelo menos não vemos nenhum escândalo de desvio de verbas onde ele pudesse estar envolvido.. Presidente por presidente Figueiredo certamente não é um dos que envergonharam este país.

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    1. "em seu governo [Figueiredo] desmembrou parte da Terra Indígena Waimirí-Atroarí em favor de multinacionais da mineração, em especial a Paranapanema Internacional Indústria e Comercio que, criada no paraíso fiscal das Ilhas Caiman, era responsável pela comercialização do minério."

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  6. Pense na história com passado, presente e futuro, não podemos ficar tentando mudar o passado. O nome é esse e pronto. Não estávamos aqui quando isso foi decidido e nem participamos dessa decisão que se consolidou. Orgulho de ser Figueiredense. Quer um novo nome? Vá criar um novo município!

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  7. Que vivam os figueiredense! Que vivam bem!

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