Efemérides - A Assembleia do Cururu - 09-14.05.1975 - Egydio Schwade

 Entre 09 e 14 de maio de 1975, se realizou na Aldeia Cururu dos índios Munduruku, no Alto rio Tapajós, a IIª Assembleia Indígena.

A Assembleia do Cururu foi uma enorme e alegre confraternização de povos indígenas com representantes do Pará, Amapá, Mato Grosso e Tocantins muito participada pelas mulheres, homens, jovens e crianças, reunindo em torno de 800 indígenas. 

A articulação foi feita no Amapá pelo Pe. Nello Rufaldi. No Mato Grosso por Ivar Busatto da OPAN e Pe. Thomaz Lisboa, do Cimi e no Pará e Tocantins, por mim e por Silvia Bonotto, da OPAN. Quando voltei das amarrações feitas no Pará, me dirigi à cidade de Goiás, onde brincando, propus a D. Tomás, a loucura de uma assembleia no Alto Tapajós, Rio Cururu, só acessível via aérea ou por interminável viagem de barco. D. Tomás, que me apelidava de ‘incendiário’, retrucou na hora: “Simbora amanhã para Belém, pedir o apoio do Comandante Camarão” do CMA! E lá fomos nós no dia seguinte, no aviãozinho de D. Tomás, pilotado por ele mesmo, voando sobre o Rio Araguaia com destino a Belém. O Camarão nos ouviu atento, sério, sem interromper. Ao final bateu o punho na mesa, dizendo: “É isto que esses índios precisavam! Podem contar comigo!” E enviou aviões em todas as direções que sugerimos. A FAB recolheu lideranças do Amapá, do Tumucumaque e outras partes do Pará, do Tocantins e do Mato Grosso. 

Além das lideranças indígenas, os acompanhantes brancos: Ranulfo, P. Thomaz Lisboa, Egydio, Pe. Iasi, Pe. Nello, os Freis Bento e Alano, Ir. Maria José. E os bispos Tomás e Pedro.

Na hora das refeições, nunca presenciei uma distribuição de comida tao eficiente, organizada, tranquila e ágil como esta que os Munduruku ofereceram, aos visitantes e ao seu povo. E tudo sem o incentivo e a orientação que os líderes bíblicos tiveram na multiplicação dos pães e peixes lá na Palestina.

Enquanto os índios tratavam dos seus problemas e criavam soluções, nós, os não indígenas, Padres, irmãs, bispos e leig@s  presentes, nos reunimos para discutir com base nas ações e experiência dos dois anos de Secretariado do CIMI, a criação da CPT-Comissão Pastoral da Terra. Algo semelhante ao CIMI para os agricultores familiares. E o jovem Ranulfo, que veio disposto a se integrar nas fileiras do CIMI, acabou sendo convencido a ser a primeira pessoa para dar consistência ao novo órgão. Foi também marcada a data para a estruturação da equipe central da CPT e o seu lançamento oficial. Isto aconteceria por ocasião da 1ª Assembleia Nacional do CIMI, no mês de julho, em Goiânia. Entretanto, no mês seguinte, junho, de 19 a 22, antes da Assembleia do CIMI, D. Tomás e D. Pedro, participaram de uma reunião de bispos, onde anteciparam o lançamento que ficou valendo como data oficial da criação da CPT. Assim ficou mais evidenciada a ligação da entidade com a Igreja Oficial.

O mais importante é que a CPT está aí e que continue sempre determinante na causa dos pequenos agricultores.

Casa da Cultura do Urubuí, 11 de maio de 2022,

Egydio Schwade


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