POR QUE O JUCÁ SE TORNOU O SUPERMINISTRO? - I
Vou iniciar com uma história bem pessoal.
Em 1985, fim da Ditadura
Militar, a convite de um amigo, Ezequias Heringer – Xará – participei, junto
com a família, de um grupo de Estudos e Trabalho-GET da FUNAI. O GET objetivou
uma nova política indigenista oficial para o povo Waimiri-Atroari, após o
genocídio sofrido durante a ditadura. A primeira decisão do GET foi iniciar uma
experiência de alfabetização daquele povo na sua língua materna. A execução
dessa iniciativa coube a nossa família. Adotamos o método Paulo Freire, onde, desde
o início os índios tiveram o domínio do processo. A experiência inédita foi elogiada
e recomenda pelos especialistas da FUNAI. Mesmo assim, em dezembro de 1987, foi
interrompida pelo presidente do órgão, Romero Jucá. Em campanha caluniosa que
se seguiu, Jucá acusava-nos de estrangeiros(eu gaúcho e minha esposa
catarinense), a serviço de mineradoras da Ásia. (Vejam O Estado de São Paulo
08-15 de agosto de 1987, Campanha contra o CIMI). A campanha do Estadão foi
financiada pela Paranapanema, dona da Mineração Taboca que explora a maior mina
de minérios estratégicos em atividade no mundo, localizada na Reserva dos
Índios Waimiri-Atroari. O controle acionário da Mineradora Taboca, em verdade,
era exercido por duas firmas japonesas: o Industrial Bank of Japan e a
Marubini, acobertadas por “laranjas” brasileiros, entre os quais os irmãos
Silvio e José Carlos Tini, este íntimo de Daniel Dantas e Nagi Nahas..
Ainda como Presidente da
FUNAI, Jucá assinou no dia 18 de maio de 1987 a Portaria DNPM/O1/87, que visava
autorizar a exploração mineral em áreas indígenas, mas foi derrubada pelo
Congresso Nacional. Tanto para a Presidência da FUNAI, como para Governador do
Estado de Roraima, Jucá foi nomeado por José Sarney, ex-presidente da ARENA,
partido dos ditadores. Depois foi eleito senador por Roraima. É óbvio, com toda
esta “amizade mineradora multinacional”, e não apenas da Ásia! Ontem, como
Presidente da Funai, Governador e Senador, e hoje, como super-Ministro, seu
interesse não foi e não será o Brasil. Jucá continuará o principal articulador
da entrega das reservas minerais da Amazônia para as empresas, cujo único
interesse é saqueá-las e exportá-las como comodities.
Convém ainda observar que
existe uma política oculta no Brasil com relação aos minérios estratégicos. 98%
de alguns deles, como nióbio e creolita, se localizam em território brasileiro.
E são hoje, por motivo de traidores da pátria, como Jucá, objeto de mero saque.
Por tudo isso, a todos e a
todas que forem às ruas pelo fim deste Governo golpista todo o meu apoio.
PRESENTE!
Casa da Cultura do
Urubuí, 19 de maio de 2016, Egydio
Schwade0qua
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