Polícia Federal ouve missionário que queimou título de eleitor no Amazonas
[Texto publicado no Jornal Acrítica de 06 de Abril de 2012]
Por ROSIENE CARVALHO
Sem advogados e numa tarde de dedetização na Superintendência da Polícia Federal (PF), o missionário Egydio Schwade, 76 anos, compareceu ao local para prestar esclarecimento. Egydio protagonizou, há 16 anos, ato de coragem ao queimar em praça pública o título de eleitor em protesto à omissão do Poder Judiciário diante da fraude no eleitorado do município de Presidente Figueiredo.
O problema ainda é uma realidade no interior do Estado, constatado em correições da Corregedoria do Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM): eleitores sem ligação com os municípios transferem título e desestabilizam a eleição, fraudando o resultado do pleito. Mas, em 1996, a fraude em Presidente Figueiredo era gritante.
Naquele ano, o número de eleitores na cidade era maior do que o da população. Enquanto o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registrava 9.842 habitantes, o TRE-AM permitiu que o número de eleitores chegasse a 12.682. Neste período, em que o eleitorado de Presidente Figueiredo subia assustadoramente, urnas eram colocadas dentro de localidades privadas contrariando a legislação em vigor e permitindo verdadeiros currais eleitorais.
Egydio Schwade anunciou que se nenhuma atitude fosse tomada para alterar a situação queimaria o título em protesto. E marcou hora e data. Segundo ele, o juiz eleitoral de Presidente Figueiredo na época era Roberto Hermidas Aragão Filho, que o advertiu sobre o crime. “Eu disse a ele que me prendesse que era o correto. Mas disse também que ocorriam naquela cidade crimes bem mais graves que eu estava denunciando. Ele disse para mim: então queime em casa”, lembrou Schwade.
Como nada foi feito, Egydio cumpriu a palavra e queimou o título. “Não apareceu ninguém. Nem juiz, nem polícia. Só a imprensa”, afirmou.
A partir daí, as irregularidades eleitorais no município tiveram mais repercussão. Hoje, a cidade tem mais habitantes que eleitores. A população é de 27.926 pessoas e o número de votantes é 16.178.
Dezesseis anos depois, o inquérito contra Egydio ainda estava em aberto na Polícia Federal e ele foi chamado a dar esclarecimentos. Aos 76 anos, enfrentou 117 quilômetros e veio a Manaus repetir todas as denúncias que fazia aos jornais na ocasião.
Sozinho, foi ouvido pelo delegado federal Rafael Machado Caldeira por uma hora e meia. Enquanto isso, o prédio da Superintendência era esvaziado para que um fumacê de produtos químicos dedetizasse o local.
Do lado de fora, o filho Luiz Schwade demonstrava preocupação de que a inalação do fumacê prejudicasse a saúde de Egydio. Ele, no entanto, deixou o prédio com muita disposição. O agricultor disse que confirmou que queimou o título e relatou as mudanças que ocorreram na cidade após a denúncia.
Segundo Egydio, o delegado o informou que o inquérito deve ser arquivado devido o tempo que já se passou desde o problema. Questionado se tomaria a mesma atitude, ele respondeu, em tom de brincadeira, que não tem mais título. Mas, se fosse para voltar o tempo, repetiria a atitude. E disse que continua denunciando irregularidades na área rural do Amazonas em seu blog urubui.blogspot.com
O problema ainda é uma realidade no interior do Estado, constatado em correições da Corregedoria do Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM): eleitores sem ligação com os municípios transferem título e desestabilizam a eleição, fraudando o resultado do pleito. Mas, em 1996, a fraude em Presidente Figueiredo era gritante.
Naquele ano, o número de eleitores na cidade era maior do que o da população. Enquanto o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registrava 9.842 habitantes, o TRE-AM permitiu que o número de eleitores chegasse a 12.682. Neste período, em que o eleitorado de Presidente Figueiredo subia assustadoramente, urnas eram colocadas dentro de localidades privadas contrariando a legislação em vigor e permitindo verdadeiros currais eleitorais.
Egydio Schwade anunciou que se nenhuma atitude fosse tomada para alterar a situação queimaria o título em protesto. E marcou hora e data. Segundo ele, o juiz eleitoral de Presidente Figueiredo na época era Roberto Hermidas Aragão Filho, que o advertiu sobre o crime. “Eu disse a ele que me prendesse que era o correto. Mas disse também que ocorriam naquela cidade crimes bem mais graves que eu estava denunciando. Ele disse para mim: então queime em casa”, lembrou Schwade.
Como nada foi feito, Egydio cumpriu a palavra e queimou o título. “Não apareceu ninguém. Nem juiz, nem polícia. Só a imprensa”, afirmou.
A partir daí, as irregularidades eleitorais no município tiveram mais repercussão. Hoje, a cidade tem mais habitantes que eleitores. A população é de 27.926 pessoas e o número de votantes é 16.178.
Dezesseis anos depois, o inquérito contra Egydio ainda estava em aberto na Polícia Federal e ele foi chamado a dar esclarecimentos. Aos 76 anos, enfrentou 117 quilômetros e veio a Manaus repetir todas as denúncias que fazia aos jornais na ocasião.
Sozinho, foi ouvido pelo delegado federal Rafael Machado Caldeira por uma hora e meia. Enquanto isso, o prédio da Superintendência era esvaziado para que um fumacê de produtos químicos dedetizasse o local.
Do lado de fora, o filho Luiz Schwade demonstrava preocupação de que a inalação do fumacê prejudicasse a saúde de Egydio. Ele, no entanto, deixou o prédio com muita disposição. O agricultor disse que confirmou que queimou o título e relatou as mudanças que ocorreram na cidade após a denúncia.
Segundo Egydio, o delegado o informou que o inquérito deve ser arquivado devido o tempo que já se passou desde o problema. Questionado se tomaria a mesma atitude, ele respondeu, em tom de brincadeira, que não tem mais título. Mas, se fosse para voltar o tempo, repetiria a atitude. E disse que continua denunciando irregularidades na área rural do Amazonas em seu blog urubui.blogspot.com
Manaus, 06 de Abril de 2012
Egydio,querendo ler artigos sobre índios,acabei lendo o artigo na A Crítica e cheguei a este blog.Ví uns tempos atrás na TV Cultura São Paulo,toda uma matéria do que foi escrito na A Crítica.Só não me recordo se é voce lá nela.Sim?Bem,continue lutando-a audinecia do blog é grande!!!(mas também lí muitos dos comentários no artigo do jornal,e aí,como aquí(São Paulo/Capital),os comentários de asnos costumam revoltar meu estomago!!!E pergunto:Somos assim?É assim esta etnia/raça/povo chamado brasileiro?Não temos um pouco de decencia,ou remorso,e escrevemos/falamos/pensamos coisas do tipo"Ah,tô nem aí pra indio,quero é eletricidade pra rodar minha internet...podem construir Belo Monte!"Terrível!
ResponderExcluirSua luta é grande,mas sei que sua coragem bem maior!
mcamargoneves@bol.com.br