Postagens

Mostrando postagens de junho, 2022

Efemérides - 30.06.1973-1983 - Criação do Secretariado Executivo do CIMI e o lançamento do Movimento de Apoio à Resistência Waimiri-Atroari-MAREWA

Após um ano e meio de sua criação, o CIMI permanecia praticamente inativo, provocando reclamações constantes que caiam sobre o Secretariado da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB. Por isso, a pedido de D. Ivo Lorscheiter, Secretário Executivo desta, reuniu-se, no dia 30 de junho de 1973, em Brasília, o Conselho Indigenista Missionário-CIMI para a criação do seu Secretariado Executivo. A primeira equipe do Secretariado: Egydio Schwade: Secretário. Ivar Busatto e Sílvia Bonotto da OPAN-Operação Anchieta, hoje Operação Amazônia Nativa. Valber Dias Barbosa, Estudante Redentorista, Clara Favílla, jornalista e Pe. Antônio Iasi, sj. Na oportunidade também foi aprovado o Regimento Interno do CIMI. Em 30 de junho de 1983 aconteceu o lançamento oficial do Movimento de Apoio à Resistência Waimiri-Atroari-MAREWA na Assembleia Legislativa do Amazonas, sendo o discursador oficial do evento, o Dep. João Pedro Gonçalves, do Partido Comunista do Brasil-PC do B. Casa da Cultura do Urubuí, 30

Reunião no Seminário do Passo Fundo - Egydio Schwade

 Em maio de 1967 Pe. Thomaz Lisboa e eu publicamos 9 artigos sobre a situação dos índios no Rio Grande do Sul. Em consequência, a Assembleia Legislativa criou uma CPI para apurar os fatos. Durante os trabalhos da CPI foi descoberto e denunciado que o arcebispo D. Vicente Scherer de Porto Alegre e o bispo D. Cláudio Colling, de Passo Fundo, haviam recebido cada um 100 pinheiros para construção de seus seminários. Pinheiros, retirados pelo Serviço de Proteção aos Índios-SPI, de áreas indígenas do Rio Grande do Sul. Numa reunião dos Bispos do Sul-III da CNBB, os dois bispos reclamaram do Provincial dos jesuítas, providências para nos reprimir. Foi o que o Provincial fez em carta a nós. Entretanto, pouco depois, D. Ivo Lorscheiter, então secretário do Sul III,  nos solicitou que organizássemos um encontro de Pastoral Indigenista, para padres e freiras de regiões próximas às áreas indígenas do Estado. Apresentei-lhe então a dificuldade de que não éramos as pessoas mais indicadas para isto,

Obediência Criativa! - Egydio Schwade

 Nas férias, em dezembro de 1967 voltei, brevemente, à Missão Anchieta com outro colega estudante jesuíta, a convite do vigário de Porto dos Gaúchos, Rio Arinos, para fazer um levantamento do povo da paróquia. Descemos o Arinos, território dos índios Tapaiuna, conhecidos como Beiços-de-pau. A certa altura estes flecharam contra nossa embarcação. E uma flecha caiu ao meu lado. Após o levantamento, no início do mês seguinte, voltando pelo mesmo rio, outro grupo Tapaiuna arredio, se apresentou, pacificamente, na margem do rio. Alguns tripulantes jogavam roupa, enquanto os índios ofereciam cestas e colares e com gestos pediam que o barco encostasse. Mas o dono, receoso, apenas passou rente, evitando encostar. Preocupado pelos índios, temendo que algum irresponsável se aproveitasse dessa situação e fosse contatar o grupo levando-lhes doenças, procurei em Diamantino/MT o Superior Religioso dos jesuítas e tentei convencê-lo a enviar imediatamente algum missionário para que contatasse o grupo

DIFICULDADES ENFRENTADAS PARA A CRIAÇÃO DO CIMI - Egydio Schwade

 Estávamos casualmente juntos, (Thomaz Lisboa, Adalberto Pereira e eu, em Diamantino, Mato Grosso/1971, quando recebemos a carta-convite do Pe. João Mometti, Secretário Nacional de Atividade Missionária-SNAM, da CNBB, para participarmos de mais uma reunião de missionários das prelazias e dioceses, com pastoral indigenista, a se realizar em Brasília, entre 22 e 25 de abril de 1972. P. Mometti acabara de chegar de um curso de Missionologia em Roma e estava totalmente por fora dos dois encontros anteriores de missionários convocados pelo SNAM, - Morumbi e Campo Grande a partir dos quais se se começou a urgir a criação e um instrumento que coordenasse das atividades e que garantisse mais unidade na ação indigenista da Igreja. Naquele momento eu era um dos coordenadores da OPAN que havia criado em fevereiro de 1969. Primeira ONG indigenista. Nos revoltamos contra a agenda prevista para o encontro de Brasília e nos dirigimos a D. Henrique, Bispo de Diamantino, que estava de malas prontas par

PANORAMA MISSIONÁRIO A ÉPOCA DO CONCÍLIO VAT. II. - Egydio Schwade

 O “ Regulamento acerca das Missões de Catequese e Civilização dos índios ”, Decreto Nº 426 – 24-07-1845 foi um caso típico da aceitação por parte da Igreja das regras de jogo impostas pelo Estado aos povos indígenas e de rejeição do projeto autóctone para a organização da sociedade. O título já introduz o conteúdo: “ Catequese e Civilização ”. No conteúdo os missionários admitem “a conservação ou remoção, ou reunião de duas, ou mais nações , em uma só” – de acordo com o arbítrio e o interesse do projeto da sociedade invasora. (Art. 1º, 2º r 7º) Aceitam contribuir para a violência e destruição cultural dos povos indígenas que não se comportam conforme as expectativas do Governo da sociedade nacional. (Art. 1º, S 3º) Aceitam “pregar a Religião de Jesus Cristo e as vantagens da vida social ” –  (Art. 1º, S 7º). O art. 1º & 7º insinua que Evangelizar=civilizar. “Os quais lhes vão pregar a Religião de Jesus Cristo e as vantagens da vida social”. O missionário vai aos índios com a gara

A AUTONOMIA DOS POVOS ASSUSTA: E vivam as “causas perdidas”! - Egydio Schwade

Na minha infância e juventude rezei milhares de terços pela “conversão da Rússia comunista”. Até hoje não me consta que alguma religião cristã tivesse pedido orações pela “conversão dos Estados Unidos capitalista!” Uma ONU manipulada pelas 5 potências mais armadas, jamais trará paz ao mundo. Com certeza, se a ONU escolhesse a nação mais pobre, mais frágil de cada um dos 5 continentes, para compor o seu Conselho de Segurança, teríamos mais chance de paz e segurança. Os Estados, quanto mais potentes, tanto mais medrosos, covardes e agressivos são. Estruturam-se sobre equivocados princípios, como: “Si vis pacem, para bellum!”(Se queres a paz, prepara a guerra) ou “a paz é uma concessão dos poderosos!” Tudo para justificar o “direito” de matar, subjugar e espoliar. Aprendi do meu professor de História, no Colegial que sempre devemos procurar as causas, os interesses que se escondem por detrás dos fatos históricos e tirar lições de suas consequências. No caso da guerra da Ucrânia, há muitas