Ministério da Justiça confirma: Raposa/Serra do Sol será reduzida - 17.06.1999
Vejam, já naquele tempo o então deputado Jair Bolsonaro ao lado de Elton Rohnelt, dep, de Roraima, na época considerado como um dos principais traficantes de armas. Alguma dúvida sobre quem comanda as milícias que hoje ostentam seu poderio atirando contra os donos do Parque Yanomami? (texto logo abaixo)
Ministério da Justiça confirma: Raposa/Serra do Sol será reduzida
O ministro da Justiça, Renan Calheiros, decidiu reduzir a área indígena Raposa/Serra do Sol para contemplar os interesses antiindígenas do estado de Roraima. Essa decisão foi tomada ontem após audiência com o governador daquele estado, Neudo Campos. O diretor de Assuntos Fundiários da Funai, Áureo Faleiros, comunicou por telefone ao Conselho de Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Brasil (Capoib) que o Diário Oficial da União publicará amanhã nova portaria revogando a anterior, nº 820/98, que determinou a demarcação em área contínua.
Após a edição da Portaria nº 820/98 as reações contra os povos indígenas se intensificaram a ponto de empresários do Estado, invasores da área Raposa/Serra do Sol, terem promovido boicote e distribuição de alimentos em praça pública, na tentativa de colocar a população contra os índios.
A oposição aos direitos indígenas, de modo especial às terras tradicionais, encontram sustentação no Legislativo dentro da bancada parlamentar governista, no Executivo, no Palácio do Planalto e Ministério da Justiça, onde pessoas influentes como o ministro Clóvis Carvalho, Chefe da Casa Civil, Bayron Prestes Costa, Consultor Jurídico do Ministério da Justiça e no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Nelson Jobim, fazem permanentes investidas contra os povos indígenas.
As articulações contra as demarcações das terras indígenas no Brasil tomam força a cada dia que passa no governo de Fernando Henrique Cardoso. Um governo que se encontra completamente desgastado em função das constantes denúncias de corrupção, favorecimento a banqueiros, instituições financeiras, nos processos de privatização e envolvimento com grupos de mineradoras, garimpeiros e madeireiros.
O mais recente escândalo deste governo foi a nomeação, para diretor da Polícia Federal, de um delegado acusado de ser torturador no regime militar. A escolha do nome do João Batista Campelo foi do próprio presidente Fernando Henrique Cardoso. Coincidentemente, Campelo era Secretário de Segurança no Estado de Roraima e vem sendo ferozmente defendido pelos parlamentares que conformam o que há de pior no Congresso Nacional, no que diz respeito aos direitos humanos e aos direitos indígenas: Elton Rohnelt (PFL-RR), Antonio Feijão (PSDB-AP), Jair Bolsonaro (PPB-RJ) e Morazildo Cavalcanti (PFL-RR). A Polícia Federal é o órgão responsável por questões de segurança envolvendo conflitos em terras indígenas.
O presidente da República, aparentemente, perdeu a autoridade. Os seus aliados, como a bancada parlamentar antiindígenas da Amazônia, acostumados a crimes impunes na ditadura militar e nos garimpos dos grotões da mata estão fazendo valer seus interesses, impondo a nomeação do Diretor Geral da Polícia Federal e a redução da terra indígena Raposa/Serra do Sol.
Brasília, 17 de junho de 1999.
CIMI – Conselho Indigenista Missionário
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