Dom Tomás Balduino

Bauduíno e Casaldáliga, Foto Eliana Lucena.
Morreu D. Tomás Balduino, um dos grandes baluartes da luta dos povos indígenas e da transformação da política indigenista da Igreja a partir da criação do CIMI em 1972. 

Sempre me senti feliz por ter tido a felicidade de poder compartilhar, lado a lado com Dom Tomás, revezes, esperanças e vitórias da luta indígena, desde o dia da criação do CIMI e em todo o período em que fui Secretario Executivo – 1773-1980 da entidade. 

Lembranças incríveis e inesquecíveis: enfrentamentos e represálias da Ditadura Militar, solidariedade aos povos indígenas dos Guarani e Kaingang do Sul, à Raposa Serra do Sol dos Makuxi, Taurepang, Wapixana e Ingarikó de Roraima. Dos Rikbaksa do Juruena aos Munduruku do Alto Tapajoz. Dos Bororo e Xavante aos Fulniô e Xukuru do Nordeste. Dos Tapirapé aos Terena e Kaiowá-Gaurani, por toda a parte estava D.Tomás, naqueles difíceis anos 70, junto e presente, dando coragem, animando a persistência de índios, missionárias e missionários, na luta pela terra, incentivando a retomada da cultura desses povos e apoiando a sua autonomia. 

Sinto imensa satisfação por ter podido ser companheiro desse destemido D. Tomás nos anos mais difíceis dos povos indígenas brasileiros e ao mesmo tempo mais esperançosos desses 500 anos de invasão europeia. O seu aviãozinho foi animando a mudança da pastoral indígena da Igreja e semeando as assembleias indígenas que fizeram germinar a organização dos povos indígenas brasileiros e a consequente reconquista de muitos de seus territórios e a retomada de sua cultura.

Egydio Schwade

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