Cimi: celebrando a memória, construindo o futuro
Dom Sigoud se esmera em secretariar o que parecia ser apenas mais um encontro de missionários descontentes e bispos preocupados com a realidade e perspectivas para os povos indígenas do país. É abril de 1972. Dom Pedro Casaldáliga, Dom Tomás Balduino, Dom Ivo Lorsheiter, dentre outros, lá estavam oferecendo contribuições a partir de suas práticas e sonhos.
Prevaleceu a sugestão da formação de uma assessoria mais específica e permanente através da constituição do Conselho Indigenista Missionário, o Cimi. Porém a realidade e audácia lúcida de alguns companheiros, fez com que os rumos e consolidação do Cimi se desse na dimensão de uma mística missionária militante, que fez com que se tornasse o importante referencial para as lutas dos povos indígenas e mudança de mentalidade na sociedade e Igreja nestes 40 anos.
Queremos fazer nossa convocação para que venham todos conosco recuperar essa memória perigosa, celebrar o caminho percorrido, os mártires indígenas e missionários, alimentar nossa mística e continuar a luta, sonhos e utopia.
Para começar essa série de contribuições, nada melhor que as reflexões e testemunho de Dom Tomás e Dom Pedro, que durante esses quarenta anos foram e continuam sendo nossas vozes proféticas, testemunhos lúcidos e luzes na caminhada.
Madrugada. Os farracoco acabam de prender Jesus. Dom Tomás, bispo emérito de Goiás, ex-presidente do Cimi e da Comissão Pastoral pela Terra (CPT), faz sua fala diante da multidão reunida ao lado da Igreja São Francisco, em Goiás Velho (GO). Fala dos malefícios do atual modelo de produção do agronegócio baseado na absurda utilização de agrotóxicos e nas sementes transgênicas.
Em meio à multidão, uma senhora se volta para a vizinha ao lado e dispara: “Olha o que está dizendo esse danado. Será que não tem um pistoleiro para dar um tiro nele?!”. Estamos na Semana Santa de 2012. Poderia ser a semana santa de 1972, quando o Cimi foi criado – ou em tantas outras semanas marcadas pelo martírio de membros do Cimi e dos povos indígenas.
Queremos fazer nossa convocação para que venham todos conosco recuperar essa memória perigosa, celebrar o caminho percorrido, os mártires indígenas e missionários, alimentar nossa mística e continuar a luta, sonhos e utopia.
Para começar essa série de contribuições, nada melhor que as reflexões e testemunho de Dom Tomás e Dom Pedro, que durante esses quarenta anos foram e continuam sendo nossas vozes proféticas, testemunhos lúcidos e luzes na caminhada.
Madrugada. Os farracoco acabam de prender Jesus. Dom Tomás, bispo emérito de Goiás, ex-presidente do Cimi e da Comissão Pastoral pela Terra (CPT), faz sua fala diante da multidão reunida ao lado da Igreja São Francisco, em Goiás Velho (GO). Fala dos malefícios do atual modelo de produção do agronegócio baseado na absurda utilização de agrotóxicos e nas sementes transgênicas.
Em meio à multidão, uma senhora se volta para a vizinha ao lado e dispara: “Olha o que está dizendo esse danado. Será que não tem um pistoleiro para dar um tiro nele?!”. Estamos na Semana Santa de 2012. Poderia ser a semana santa de 1972, quando o Cimi foi criado – ou em tantas outras semanas marcadas pelo martírio de membros do Cimi e dos povos indígenas.
O cenário e o comentário não são novos. Dom Tomás tem mais de meio século de atuação e compromisso com os povos indígenas e na luta pela terra e justiça. Dom Tomás foi o primeiro presidente do Cimi eleito em assembleia, em 1975, e por duas vezes ocupou a vice-presidência da organização.
Por isso é símbolo da luta, que começou na recepção e apoio às Irmãzinhas de Foucauld, na sua chegada aos Tapirapé, em 1952, no Mato Grosso, até o momento atual. Prestes a completar seus 90 anos de existência, ele é um lutador incansável pelos direitos dos povos indígenas, dos camponeses, dos sem terra, das populações tradicionais e dos injustiçados e marginalizados deste sistema.
Com relação ao Cimi, Dom Tomás relembra: “O Cimi nasceu sob o signo do conflito. Primeiro o conflito dentro da própria igreja e depois o conflito com a própria sociedade. Isso porque os missionários passaram a apoiar os índios nas suas reivindicações de terra, de autodeterminação e possibilidade de tomarem a palavra e decidir e participar, não apenas como elemento folclórico, excluído, confinado ou reduzido”. E segue aprofundando análise na relação do Cimi com a igreja e sociedade: “Essa é a origem e grandeza do Cimi, que apesar de todos os problemas trazidos para o centro da igreja e todos os problemas criados na sociedade por causa do protagonismo dos povos indígenas, que passaram a assumir suas exigências. Isso perturbou e muita coisa aconteceu nesse país. Os últimos, aqueles que estavam marcados para morrer, assumem o protagonismo sócio-político e econômico”.
Por isso é símbolo da luta, que começou na recepção e apoio às Irmãzinhas de Foucauld, na sua chegada aos Tapirapé, em 1952, no Mato Grosso, até o momento atual. Prestes a completar seus 90 anos de existência, ele é um lutador incansável pelos direitos dos povos indígenas, dos camponeses, dos sem terra, das populações tradicionais e dos injustiçados e marginalizados deste sistema.
Com relação ao Cimi, Dom Tomás relembra: “O Cimi nasceu sob o signo do conflito. Primeiro o conflito dentro da própria igreja e depois o conflito com a própria sociedade. Isso porque os missionários passaram a apoiar os índios nas suas reivindicações de terra, de autodeterminação e possibilidade de tomarem a palavra e decidir e participar, não apenas como elemento folclórico, excluído, confinado ou reduzido”. E segue aprofundando análise na relação do Cimi com a igreja e sociedade: “Essa é a origem e grandeza do Cimi, que apesar de todos os problemas trazidos para o centro da igreja e todos os problemas criados na sociedade por causa do protagonismo dos povos indígenas, que passaram a assumir suas exigências. Isso perturbou e muita coisa aconteceu nesse país. Os últimos, aqueles que estavam marcados para morrer, assumem o protagonismo sócio-político e econômico”.
21 de setembro de 2012.
Publicado Originalmente por CIMI.
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