A COMUNICAÇÃO DAS ABELHAS: Rainhas também Guardam o Conhecimento das Fontes do Alimento.
Estudos do pesquisador Karl von Frisch da Universidade de Munique (1920), comprovaram que as abelhas guardam e “transmitem com exatidão às suas colegas o local e a distancia do alimento encontrado. Esta comunicação é realizada através da dança do requebrado e circular que indica a distancia entre a colméia e o alimento, bem como a direção em relação ao sol e à colméia.”(Helmuth Wiese). Neste campo, parece, a ciência não mais avançou após as descobertas de von Frisch.
Em nosso apiário localizado no sítio de Jaziel Nunes, km 04 da AM/240, a 7 km da cidade de Presidente Figueiredo/AM, fizemos uma observação que oferece um dado novo sobre a comunicação das abelhas, a saber, as operárias também transmitem a localização das fontes do alimento às suas rainhas, que guardam e retransmitem oportunamente este conhecimento às suas filhas.
No dia 2 de fevereiro de
No dia 12 de fevereiro de 2005, colhemos novamente
Normalmente, o auge da produção de mel em nossa região se dá entre julho e novembro, período em que é difícil anotar as diferenças no mel, uma vez que a produção na região é bastante grande e as cores muito variadas. Entretanto, observamos outros casos semelhantes, bastante expressivos principalmente com própolis que confirmam a nossa observação acima. Isto nos levou à certeza de que a raínha também é informada pelas operárias sobre o local do alimento, o memoriza e o transmite às suas filhas. Desta forma, não carece que as abelhas operárias de um mesmo local procurem, sempre de novo, todas as fontes, por que a raínha como depositária dessa informação a fornece às filhas de um ano para outro. No caso citado já se haviam sucedido umas 6 gerações de operárias entre uma e outra florada da espécie em questão.
A descoberta nos levou à conclusão sobre a importância da rainha para o coletivo, não só como mãe da colméia, mas também como principal depositária das informações sobre localização dos recursos que garantem o alimento e a saúde do enxame.
A constatação traz os seguintes questionamentos para a apicultura atual:
1. Se o conhecimento das fontes dos recursos necessários para o alimento e para a saúde das abelhas não está restrito ao período da existência das abelhas operárias, mas se estende à vida da rainha, fica questionado o assassinato precoce das rainhas, sugerido de acordo com alguns, após 18 meses, (Helmuth Wiese) cf. outros após 12 meses (Mauro Roberto Martinho da Universidade de Viçosa/MG).
2. a alimentação artificial das abelhas principalmente no inicio das floradas, pode ser prejudicial à saúde dos enxames. Ficando sujeitas ao paternalismo do apicultor, as abelhas não mais obedecerão à orientação da rainha. Com isto o enxame pode perder importantes informações sobre suas fontes de recursos, tanto do alimento, como da saúde. No inicio das floradas é o momento em que acontece, além da alimentação natural, a “medicina preventiva” dos enxames, isto é, quando estes se fortalecem com a variedade e com os alimentos orgânicos abundantes na natureza.
3. O saque do pólen, “pão-das-abelhas”, ou “saburá”, para fins comerciais é altamente prejudicial para as abelhas, principalmente, no início das floradas. É o alimento insubstituível para a saúde e o fortalecimento das abelhas neste período. Substituindo-o por alimentação artificial, pobre, se comparada aquela oferecida pela natureza, enfraquecemos a saúde das abelhas. (Nunca alimentamos as abelhas. E nunca tivemos, até o momento, problema sério de doença em nossos enxames.)
3. A depredação das florestas e da vegetação nativa em geral é um desastre para as abelhas, pois é a vegetação nativa que garante aos enxames a variedade de produtos alimentícios e medicinais para a sua sobrevivência.
Como conseqüência, deveriam os apicultores e principalmente as associações de apicultores como a Confederação Brasileira de Apicultura e o Apis Clube do Brasil, abandonar a sua modéstia e exigir presença na discussão das políticas públicas ambientais e não deixar que os governos, determinem os critérios de sustentabilidade atrás dos interesses necrófilos de madeireiros e de latifundiários do agro-negócio.
Concluindo, queremos dizer que se as rainhas das abelhas guardam conhecimentos para além das estações, fica o alarme de que a morte precoce das rainhas, o paternalismo dos apicultores e a depredação das florestas e dos ambientes naturais, são os principais vilões dos incontroláveis problemas que assolam hoje a vida das abelhas em quase todo o mundo.
Presidente Figueiredo, 06 de agosto de 2007.
Doroti e Egydio Schwade
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