Sobre a Casa da Cultura do Urubuí

Entre as décadas de 1970 e 90, o casal Egydio Schwade e Doroti Alice Müller Schwade (ele Gaúcho e ela Catarinense), se fixou nessa região entre o Sul de Roraima e Norte do Amazonas para apoiar o povo Waimiri-Atroari. Acabaram vivendo intensamente o drama que passavam as populações indígenas e camponeses da região. Atuaram no Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e Operação Amazônia Nativa (OPAN), no MAREWA (Movimento de Apoio à Resistência Waimiri-Atroari), no Sindicato dos Trabalhadores Rurais e no Partido dos Trabalhadores (PT).
Ao longo dessa caminhada foram guardando muitos dados que atualmente compõe um arquivo que é o mais completo sobre a região. São documentos raros sobre a construção da BR-174, da Hidrelétrica de Balbina, a instalação da Mineradora de Pitinga, dos latifúndios grilados e história do povo Waimiri-Atroari.
“Desde a criação do município sentimos o empenho das autoridades no sentido de evitarem a história da região: nenhum documento, nenhuma sala destinada à guarda da memória. Nas escolas ninguém ensinava a história da BR-174 e nem dos Kiña (Waimiri-Atroari). Diante disso tomamos a iniciativa de criar o Arquivo de Etno-história da região” {Egydio Schwade}.
Egydio e Doroti tentaram sempre manter vivas as memórias dessa região. Consequentemente os arquivos já foram utilizados por dezenas de pesquisadores de universidades, institutos de pesquisas e estudantes com e sem vínculos institucionais, e serviram de suporte para teses, dissertações e livros. Esses documentos foram provisoriamente arquivados em uma casa de madeira. Preocupados com o destinos desses documentos, alguns amigos propuseram a construção de estrutura mais adequada. Então, por meio de doações de amigos da família foi erguida, em 1992, a Casa da Cultura do Urubuí, no município de Presidente Figueiredo - AM. O nome foi inspirado no igarapé que margeia a cidade. É uma casa de alvenaria com dois andares e arquitetura regionalizada. A cobertura é de cavaco de massaranduba apoiada em esteios de quari-quari.
Além do acervo documental, ela também abriga uma pequena biblioteca. No início, está foi a única biblioteca existente no município, acessada gratuitamente por estudantes das escolas municipais e estadual, pois dispunha principalmente de um bom acervo de livros didáticos. Atualmente as escolas e a própria prefeitura dispõem de bibliotecas com esta finalidade. Isso reduziu a procura por livros didáticos mudando também o foco dos livros disponibilizados na Casa.
Desde o seu inicio a Casa da Cultura do Urubuí tem se configurado, antes de tudo, em um movimento de pessoas preocupadas com o registro e a memória da real história dos povos e processos vividos na Amazônia, procurado servir de modo especial à causa dos oprimidos, principalmente aos povos indígenas e aos pequenos agricultores.

Alguns dos serviços oferecidos são:
1.Consulta ao arquivo de etno-história da região.
2.Pequena biblioteca que mantém livros sobre assuntos como: as questões indígenas; grandes projetos rodoviários, de exploração mineral e energético e seus impactos; saúde; agroecologia e sustentabilidade; criação de abelhas; movimentos sociais;
3.Cursos, estágios e visitas técnicas em agroecologia, criação de abelhas e sustentabilidade na Amazônia.

Casa da Cultura do Urubuí, 15 de fevereiro de 2011.

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